Nossa mente nos ajuda a pensar que o passado era melhor. As lembranças são romantizadas na nossa memória e, a menos que as lembranças sejam dramáticas, costumamos esquecer o lado ruim e chato que vivemos, especialmente nos relacionamentos.
Somemos a essa característica a presença da internet nas nossas vidas. Graças a ela estamos sempre na primeira fila do grande palco que o mundo e a vida se converteram. Assistimos praticamente o que quisermos em tempo real. Dessa forma, mais expostos à idiossincrasia humana, de forma real e por isso dura; coisas que sempre existiram – algumas até mais violentas e sanguinárias que hoje – parecem compor a nossa atual realidade como se nunca tivessem acontecido. Fica fácil acreditar que o mundo está ficando cada vez pior.
A boa notícia é que, sob vários pontos de vista, estamos melhorando sim. Um dos pontos de vista podem ser os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecido pela ONU com a assinatura de 150 países. O 1° e 2° objetivo, que tratam de acabar com a pobreza e a fome no mundo, respectivamente, apresentam redução de 50% de pessoas que passavam por essas situações, se comparado ao índice medido em 1990. 50% não é um percentual desprezível! No 3° objetivo, promover uma vida saudável, a queda do índice da mortalidade materna gira em torno de 50%. Mais crianças e jovens estão em escolas (quase 91% em países em desenvolvimento).
Confesso que a primeira vez que tomei conhecimento desses dados, tive um quê de incredulidade. Só ir me aprofundando nas informações para perceber que sim estamos melhorando como sociedade. E muito. É claro que saímos de um cenário muito ruim, assim, mesmo com 50% de redução há milhões de pessoas passando necessidades primárias, de sobrevivência. Não cabe nenhuma dúvida que temos muito a fazer.
Como apontamos no Movimento Humano Solidariedade que está aos poucos tomando corpo e se delineando para o sentimento de Uno, as pessoas estão compreendendo que precisamos agir no nosso micro ou macro cosmo. É o tempo de Protagonismo nas nossas vidas e na nossa sociedade. De construir o mundo que queremos. A construção exige ação. E embora muitos ainda ficam na espera constante, muitos de nós estamos indo à luta. Cada um com suas armas. Algumas mais amorosas, outras menos, sempre com o desejo de criar um futuro melhor.
Exemplos disso foi a reação da sociedade, especialmente dos jovens, com os terremotos em México. A corrente de ajuda que se criou teve a agilidade que os jovens dão a todo que tocam, e a força originada pelo volume de pessoas que se mobilizaram para ajudar. Outro exemplo é a campanha liderada por vários milionários do Vale do Silício para criar uma renda mínima para a população – e que fique claro aqui que não estou apoiando necessariamente a ideia, mas apontando para uma mudança de visão mais holística sobre a sociedade: a visão integral, o Uno.
Temos cada vez mais organizações formais e informais, grupos de pessoas criando comunidades com valores e crenças similares que buscam formas mais sustentáveis de viver – só olhar o número de grupos do Facebook com o objetivo de troca comunitária! A forma como estamos nos estruturando pós o Movimento Humano A Desestruturação é bonita. Só precisa querer se inserir nesse novo mundo para enxergar o volume e corpo que vem tomando. Sair da nossa área de segurança, inclusive do conforto que a queixa e crítica geram em minha volta. São, só uns passinhos, que nos levam ao maravilhoso mundo novo que está em criação.
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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