Continuando minhas reflexões sobre o documentário Sexo e Amor Pelo Mundo (o primeiro texto você acessa aqui), trago agora o tema da Felicidade. Um dos sete Movimentos Humanos que lancei em 2013, A Tal Felicidade mostra como ser feliz tinha se tornado um dos grandes motivos de existência da nossa sociedade contemporânea.
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Passei parte dos meus últimos dias assistindo o documentário Sexo e Amor pelo mundo da CNN. O documentário, sob o comando da jornalista Christiane Amanpour (disponível no Netflix), apresenta como são vistos e tratados o Sexo e o Amor em cidades culturalmente distante entre si. Embora ainda não vi todos os episódios, dá para ver que este documentário é uma bela oportunidade para entender o que são crenças e valores na prática, e, como, de fato, moldam nossa noção de realidade. Notar como as crenças, e os valores que elas suportam, fazem toda a diferença na visão de mundo que as pessoas têm sobre os mesmos temas. É o que faz o mundo ser plural.
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Você deve conhecer ou, quem sabe, até ser a protagonista deste texto: mulher bonita, inteligente, com boa dose de autoconhecimento. Vive com conforto, graças à luta constante para manter o mesmo padrão que insiste em cair. Madura e consciente, pensa com atenção nos cinquenta, que em poucos anos chegarão. Divorciada, tem que administrar seu tempo livre a maior parte do ano para não deixar os filhos sozinhos, especialmente em datas especiais, já que o ex-marido, mesmo com guarda compartilhada, considera que um final de semana por quinzena e pagar pensão sejam suficientes para continuar a ser pai.
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Entra ano, sai ano e continuamos sonhando com o amor romântico. Levei anos para entender que para ele existir e permanecer na nossa vida, na forma que o sonhamos “feliz”, precisamos de um lado racional bem desenvolvido. Chamaria isso de amor romântico racional. Sem a racionalidade – que nada tem a ver com frieza – o amor pode simplesmente nos levar para relações sofredoras. Se você é um típico latino dramático, que acredita que a vida foi feita para sofrer; então, está tudo certo: a gente cria a vida que dá vida às nossas crenças.
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As acusações trazidas a tona sobre o médium João de Deus no fim do ano me chocaram pela gravidade: abuso sexual de mulheres e de crianças. Gravíssimo. A parte do enriquecimento não me surpreendeu por ter percebido, a única vez que estive por lá, o foco que tinha no dinheiro, toda a organização em torno do médium. A espiritualidade, como eu a conheço, está para servir e menos, bem menos, para receber. Entendo que precise sobreviver, e para isso precise de fundos.
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Gosto do que é real. Talvez por ter vindo de uma família que gostava da fantasia, e em alguns casos, da ilusão. Como contraponto sempre apontava o que era irreal. Claro que isso gerava desconforto. Para quem gosta de caminhar pelas sendas da ilusão, alguém que traga a realidade é incômodo. Chato.
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Tanto tempo observando as lideranças no mundo corporativo me ensinou que poucos conseguem suportar a vertigem da escalada rápida. A vaidade, tão bem promovida pelo mundo corporativo, como forma de capturar os profissionais capazes de gerar lucratividade, pega praticamente, todos. Como escapar? Difícil.
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Busquei iniciar as entrevistas do Projeto Uno logo após as eleições para captar o mais próximo possível o espírito das pessoas. Saber como o ambiente tóxico das eleições tinha tocado pessoas comuns. O quanto esse ambiente tinha influenciado sua visão de mundo. Especialmente no que se refere à identidade feminina e masculina. Centro dos meus estudos. Devo confessar que esperava encontrar pessoas com alto grau de agressividade. Algumas felizes pelo resultado e a fim da dar o troco pelos anos petistas; outras tristes e raivosas torcendo para que dê tudo errado. Ledo engano. O que tenho encontrado são características fortes nos brasileiros: delicadeza e desejo de paz.
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Aprendemos desde cedo a colocar máscaras para lidar com o mundo. Nossos pais nos ensinam que não devemos expressar tudo o que pensamos e queremos dizer. De certa forma, vamos aos poucos aprendendo a calar e mentir. Comportamentos que assumimos benéficos e corretos para morar em sociedade. Com o tempo, desenvolvemos também o traquejo social que vai criando nossa persona – personalidade que usamos para nos apresentar socialmente – a qual ativamos assim que colocamos o pé fora de casa. Costumamos ter várias personas. Cada uma adequada a cada núcleo social. Todas unidas a uma persona principal para representarem o mesmo ser humano com diversas facetas.
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“Sou feliz com a liberdade dentro da minha gaiola”. Lembro sempre dessa frase que ouvi de um participante do Projeto Homens em 2011. Ter esse nível de consciência, estou cada vez mais convencida, é para poucos. Pelo que percebo, a maioria de nós, sonha com um estado de liberdade que, na prática, temos pouco ou nenhuma coragem de encarar. Mesmo assim, o sonho da liberdade plena nos faz viver com toques de frustração e uma eterna insatisfação impossível de saciar.
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