Um conhecido meu estava no dilema de gastar mais de R$ 12 mil reais por uma semana de férias com seus filhos ou guardar esse dinheiro. Conversamos sobre isso e percebi a pressão que ele sofria por ter que tirar férias – diga-se viajar. Ai ele viaja, fica dia e noite por 7 dias com seus filhos – o que importa é qualidade alguns dizem – e passa o resto do ano voltando tarde da noite, mal dando tempo de dar um beijo de boa noite aos filhos para poder juntar mais R$ 12 mil para passar uma semana juntos.
Lembro quando tirava férias quando era pequena, férias de julho não significava viagem. Porque agora sim? Mesmo pessoas com menos recursos? Adoro viajar e considero que é um dos melhores investimentos, abre a cabeça, amplia horizontes… mas não é esse o ponto. O ponto de reflexão que trago esta semana é porque mesmo com recursos mais escassos, num ano mais difícil alguns de nós cede e faz gastos que poderiam ser evitados. Esse dinheiro guardado nos deixaria mais seguros em tempos de incertezas, faria com que tivessemos mais estabilidade emocional para tomar algunas decisões. Mas não, gastamos numa fé infinita na bendita providência e obtamos por viver com a sensação de insegurança que nos faz correr feitos uns doidos atrás do dinheiro.
Creio que além da fé infinita há uma certa necessidade de fazer o que todo mundo faz. Ou pelo menos o que nosso grupo social-aspiracional faz. Queremos fazer parte do grupo social que almejamos. Nossa necessidade de pertencimento de certa forma, inibe nossa liberdade.
O interessante disso tudo é que no Microcosmo, o Movimento Humano que fala do desejo de se isolar do mundo lá fora que julga e que representa valores que não combinam com o meu Sentir, as pessoas desejam seguir seus próprios passos, fazer suas escolhas. Criticamos a sociedade que tenta nos enquadrar mas cedemos a ela facilmente. Estamos caminhando sim para a criação de uma realidade mais própria, porém, ainda precisamos justificar através de nosso comportamento, quem somos.
Esta é a terceira semana que trago para reflexão o conceito de liberdade e quis apresentá-lo sob três aspectos cotidianos por entendermos, na behavior, que é algo que a maioria deseja ter mais nas suas vidas.
Ser livre, estou cada vez mais convencida, é um estado de ser e não um estado de ter nem de pertencer.
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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