Estive no CCBB do RJ e pude ver a exposição da artista japonesa Yayoi Kusama, nascida em 1929 é considerada pela crítica, a maior artista plástica japonesa em atividade. Sua arte gera sensações as vezes estranhas na gente, e nos faz refletir que as vezes viver na borda entre a normalidade e anormalidade facilita a quebra de padrões e inovação. Isso não é um incentivo mas sim uma reflexão. Ela hoje vive, por opção, num hospital psiquiátrico no Japão. E continua produzindo.


Eu na Sala de Espelhos Infinitos da exposição

Mas o que mais me fez refletir do meu passeio pela CCBB foi a exposição Virei Viral, que se encontra no andar de cima. Pequena, concisa, ela traz bela reflexão deste mundo digital e analisa nosso modo de relacionar-nos nele. Estamos cada vez mais próximos, com uma farta opção de meios e formas para interagir em tempo integral mas, pelo que parece, com maior dificuldade em gerar intimidade. Criamos tantas máscaras, editamos tanto nossos “perfis”, que talvez estejamos perdendo a capacidade de ser e nos expor como realmente somos, embora desejemos tanto, como me disse um entrevistado do Projeto Uno, “ser amado tal qual somos“. Como poderemos ser amados pelo que somos se não queremos nos mostrar como somos?

Nessa exposição há um parte dedicada à fotografa Tanja Hollander com seu projeto “Are you really my friend?” (“você é mesmo meu amigo?“) que trata da sua decisão em visitar seus 626 amigos do Facebook e fotografá-los numa tentativa de compreender o sentido da amizade nos tempos de redes sociais; e o trabalho do fotógrafo Jonathan Harris que foi até o Butão que hoje utiliza, por determinação de seu rei, o índice de Felicidade Interna Bruta embasado em valores espirituais budistas, ao invés do mundialmente usado Produto Interno Bruto. Jonathan passou semanas coletando histórias sobre felicidade e desejos. Para seus entrevistados deu balões de encher para escreverem neles seus desejos. Boa parte das imagens com os pedidos estão disponíveis na internet sob o título Ballons of Buthan.

Pelas imagens dos balões expostos no CCBB a reflexão que me trouxe e compartilho para você, parece que não podemos, e talvez não devêssemos, evitar que as pessoas desejem objetos de consumo como forma de obter a felicidade. Parece ser parte do processo de aprendizagem, querermos as coisas mais banais e depois mais supérfluas, para depois compreender que elas nem sempre não trazem a felicidade. As sociedades que já conseguiram um nível de acesso maior ao consumo sabem disso mas as que ainda não, como o Sudão, terão que experimentar para compreender. Queiramos ou não, a valorização do Ser, parece vir depois da valorização do Ter.




Por conta destas exposições que sempre nos ajudam a refletir, neste dia de natal, nosso desejo é de que você encontre a sua felicidade. Não no dia seguinte, não necessariamente no próximo objetivo, mas no aqui, agora. No seu momento atual. Que você consiga descobrir a maravilha da sua vida, agora. Do jeito que ela é.

Feliz natal para você.