Ter 40 anos é ser velho? Ou 50 anos ? Sei que quando a gente é criança e alguém fala que tem 40 anos costumamos achar que trata-se de uma pessoa muito, muito velha. Mas me causa muito estranhamento hoje, que tenho 43, achar uma pessoa de 40 ou 50, velha. Tenho amigos com 60 e não acho que eles sejam velhos. Tem aquela coisa que dizem que a idade está na cabeça, mas não sei… Fazendo o planejamento dos textos da semana, a Nany propôs este tema. Estranhei e retornei o email dela perguntando se ela não tinha digitado por engano 40, 50. Ela me respondeu que não e que é muito comum nas entrevistas que ela faz, as pessoas considerarem velhas quem tem esta idade. Fiquei surpresa, confesso.
O conceito do que é velho é muito relativo |
Já falei aqui sobre minha “amigas” velhinhas da missa, que são super modernas ao 60, 70. Já contei também de casais de 60 que estão se reinventando. Portanto saber que algumas pessoas consideram a velhice aos 50 é novidade para mim. Lembrei de um texto maravilhoso do escritor Rubem Alves para a Folha de São Paulo, questionando a expressão “melhor idade”. Interessante o desfecho da crônica, em que ele narra uma história que aconteceu quando ele tinha lá os seus 50 e poucos anos. Replico, na íntegra a história narrada por ele:
Velhice é quando a gente começa a ser tratado como “objeto de respeito” e não como “objeto de desejo”. Mas o que quero não é ser olhado com respeito, mas com desejo…
Aconteceu faz 25 anos, uma tarde, no metrô, vagão cheio, tudo bem, eu me via jovem, pernas fortes, segurei-me num balaústre. Meus olhos começaram a passear pelo rosto dos passageiros -cada rosto é mais misterioso que um universo- até que meus olhos se encontraram com os olhos de uma jovem que me olhava, eles, os seus olhos, sorriam para mim e eu fantasiei que ela me desejava. Ficamos assim por alguns segundos trocando olhares de namorado até que ela, num gesto delicado, se levantou e me ofereceu o seu lugar… Seu gesto me disse sem palavras: “O senhor é velho. Eu o respeito. Eu lhe dou o meu lugar…”. Nesse momento percebi que a minha idade era a pior de todas. A melhor idade era a dela, da mocinha que me deu o lugar…
Sugiro um nome diferente para essa idade, que não é ironia, mas poesia: “Pessoas portadoras de crepúsculos no seu olhar…”.
Envelhecer é um processo que se inicia a partir do nascimento de cada um de nós. Resta saber como vamos lidar com os fatos ao longo dos anos. Eu pelo menos por enquanto, gostaria de ser até um pouco mais velha do que sou.
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