Falar de religião não é nossa praia. Não levantamos bandeiras e acreditamos que a fé é assunto individual. Mas com a proximidade da visita do Papa Francisco ao Brasil é impossível não ouvir histórias sobre ele ou, ao menos, não ficar curioso a respeito do homem que ele é – não do líder da Igreja Católica, mas da pessoa que ele faz questão de mostrar ser.
Não dá para negar que este Papa é diferente. “O Papa é pop” nunca foi uma expressão tão verdadeira. E pop no sentindo mais popular mesmo. Ele fala e a mensagem chega ao coração. Ele faz e nunca é por acaso. É um homem de atitude. Um homem de carisma. Um homem de palavras verdadeiras. Ou parece ser. O tempo dirá. Mas fato é que a sua palavra, até agora, está marcada por uma mensagem profunda, direta, moderna e…simples. As suas primeiras palavras oficiais, na missa inaugural do dia 19 de março deste ano, já deixou isso claro e estabelecido. Mais parecia uma conversa: genuína, pura, honesta. Uma mensagem do amor que devemos ter uns pelos outros e por nós mesmos. Reli este discurso para tentar falar deste homem, sem me ater ao seu papel oficial no mundo. Também assisti ao vídeo deste dia. De repente percebi que a paz inundou-se na praça de São Pedro – do estado de euforia, para o estado de paz. Muito forte.
A Revista Bons Fluídos, edição de julho de 2013, publicou na seção “Palavra de Mestre”, uma adaptação muito bonita deste discurso, chamada de Homilia pelos católicos. Infelizmente a publicação não está disponível para conteúdo digital. Em resumo, e entre tantos ensinamento, ele falou de José de uma forma muito mais humana: do José guardião. Do José que protegeu e confiou, mesmo quando nada entendeu. E a partir de uma passagem bíblica trouxe um lindo ensinamento*:
“(…)É proteger as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e de cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. É cuidar uns dos outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais. É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se no bem. Quando o homem falha nessa responsabilidade o coração fica ressequido.
Devemos também cuidar de nós mesmos. O ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então, guardar quer dizer vigiar seus sentimentos, nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más. Nos Envangelhos, São José aparece como um homem forte, corajoso, trabalhador, mas, em seu íntimo, sobressai uma grande ternura, que não é virtude dos fracos, antes, pelo contrário, denota fortaleza de ânimo e capacidade de solitude, de compaixão, de verdadeira abertura ao outro, do amor. Não devemos ter medo da bondade, da ternura.”
Que este homem, comum, simples, de olhar sereno e cativante continue sobressaindo ao papa que ele é. E que assim ele possa, cada vez mais, semear palavras sábias para purificar os corações. Usar da sua autoridade, como líder de uma igreja, para quebrar crenças milenares. Que continue, acima de tudo, agindo com humildade, ajudando assim, na construção de um mundo em paz.
*a Homilia da missa inaugural falava de José porque dia 19 de março é dia de São José.
Aqui o vídeo oficial da Missa Inaugural
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