Acredito que a felicidade é algo bem particular. Para alguns pode ser ficar frente ao mar e descansar. Para outros, ver os filhos brincar livres, saudáveis e soltos ou, quem sabe, receber a acolhida do animal de estimação após um longo dia fora de casa.
Outros podem sentir-se felizes ao participar de baladas animadas ao redor do mundo. Existem ainda aqueles que sentem-se felizes quando conseguem comprar uma marca ou ficar num hotel que, como passe de mágica, os insere no exclusivo mundo do poder e do dinheiro. O mais importante é constatar que provavelmente cada um esteja certo. A felicidade, creio eu, é algo particular e momentâneo.
A vida é feita de momentos felizes e outros nem tanto. Sendo assim, a busca pela eterna e constante felicidade é algo utópico. Compreender que entanto se viva aqui na Terra, momentos ruins e momentos bons acontecerão, já é um bom caminho para evitar a frustração. Mas assim como a eterna juventude, as pessoas correm atrás da ilusória, eterna felicidade.
Talvez o que elas estejam buscando seja um sentimento mais duradouro que eu chamo de contentamento. O contentamento, compreendi, é um estado de espírito que nos acompanha, mesmo nos momentos de tristeza e recolhimento. É uma forma de ser e estar no mundo. Ele é mais suave e constante. Sua força reside justamente na sua estabilidade.
Com tudo o que aprendi até agora, descobri que o contentamento vem da alegria interna do encontro consigo mesmo. De abraçar nosso verdadeiro Eu. Parece simples, mas não é. É necessário uma longa e consistente viagem ao inconsciente para trazer a tona quem somos realmente.
A maioria de nós criou e alimenta uma imagem tão distante sobre si próprio, que aceitar quem se é, parece derrota. Mas se for derrota, a quem estamos derrotando?
O ego se alimenta da ilusão. Entendi que as pessoas mais egoicas são aquelas que possuem uma autoestima tão frágil, que precisam se inventar para se aceitar.
Ha muita dor dentro do peito delas. O ego é como se fosse um escudo. Quando elas começam a olhar para dentro é tanta dor que imediatamente fecham a porta. Só que essa dor está lá. Latejando, pulsando, comandando a vida. Alguns usam drogas ou remédios para se distrair porque de cara limpa não conseguem viver com essa dor que os acompanha. Para estes, os momentos de felicidade, tais como fogos de artifício, precisam compensar toda uma vida na qual o inconsciente fica a espreita lembrando-lhes a todo momento, que há questões não resolvidas. Que a dor está lá. Quanto mais barulhentos, poderosos e chamativos os fogos de artifícios, mais eles pensam que conseguiram ganhar do inconsciente.
A dor se cura com amor, o próprio amor, o amor-próprio e a convicção de que essa dor passa.
Iremos tratar um poucos mais sobre tudo isto esta semana aqui: sobre a construção da identidade pública, sobre a viagem ao inconsciente para se reencontrar, sobre a alegria interna de se abraçar e o contentamento que se alcança com tudo isto.
Deixo vocês com a imagem da única árvore que sobreviveu ao ataque das Torres Gêmeas em NYC.
Boa semana a todos.
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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