Neste período de luto tenho pensado muito no que é realmente importante nesta vida. Creio que essa resposta, obviamente, depende dos valores de cada um. Os nossos valores regem a nossa escala de preferências, o que consideramos importante. Para alguns ter dinheiro, pode ser o que vale mesmo a pena nesta vida. Para outros, ter dignidade; para outros, ter sucesso… e assim vai, cada um com suas preferências e sua escala de valores.
Para mim, hoje, o que vale mesmo na vida é amar. Dar amor. É um sentimento que tem me preenchido muito. Muito mais do que receber amor. Dar amor por algum motivo tem sido muito mais gratificante e re-estabelecedor do que receber. Talvez seja porque o receber agrada, mas deixa a gente dependente. Dar amor enobrece a alma e nos torna mais fortes, seguros, auto-suficientes. Aspectos importantes para mim.
É claro, que isso não significa que não goste de receber amor. Imaginem!!! adoro receber amor. Ser amada. Mas é como se isso fosse realmente menos importante do que expressar e dar meu amor. Tenho me fortalecido com esse ato. Tenho me sentido bem. Quanto mais tenho exercitado o amor, mais preenchida e plena tenho me sentido.
Ao dar amor, compreendi que antes é necessário perdoar. Não é só compreender a posição do outro, seu ponto de vista, suas razões, sua visão de mundo; mas aceitar e deixar para atrás. Iniciar de novo. Permitir-se recomeçar, de fato.
É importante, entretanto, que esse recomeçar seja reconhecendo a pessoa tal como ela é. Por isso disse anteriormente, aceitar. Perdoar não significa se iludir. Acreditar que a pessoa mudou. Que as coisas serão diferente, se a pessoa perdoada, não mudou se padrão de crenças e valores. Iremos quebrar a cara novamente.
Perdoar significa compreender, aceitar e a partir dessa aceitação – e não de desejo de mudança do outro – recomeçar. Eu sempre digo que posso compreender mas nem sempre aceitar. Nesse caso, perdoo mas não quero conviver. É um direito que tenho. Os valores da pessoa perdoada, neste caso, não me interessam. Espero que ela seja feliz mas sigo meu caminho. Em outros casos, perdoo e aceito. Sei que a pessoa pode não mudar, mas aceito viver com esses valores. Sem brigar com eles. Sem me chocar. Sem deixar que isso me atinga de forma a prejudicar minha relação. É neste ponto, que a gente pode voltar a amar.
É sobre isto que iremos falar esta semana: amar e perdoar. Boa semana para todos.
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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