O assunto da semana era outro, mas acordei com a nítida sensação de que não tinha como fugir do tema tolerância. Não pretendemos (e não vamos) falar de política aqui, mas o contexto começa nas eleições. Desde que o 2o turno começou ficou evidente que as pessoas resolveram fazer do assunto um campo de batalha. Tenho visto de tudo: pessoas se agredindo sem ao menos se conhecerem direito, notícias de todos os tipos espalhadas irresponsavelmente pelas redes sociais, fatos e calúnias jogadas diante de uma cortina de fumaça que já não nos deixa distinguir sobre o que é verdadeiro e o que é falso. Acabou o respeito, o direito do outro, o livre pensar. Ou você é da minha turma ou você é meu inimigo. Agora que o grande dia se aproxima era de se esperar que este cenário ficasse ainda mais intenso. Mas está ultrapassando todos os limites do bom senso.
Isso me fez pensar o quanto ainda é frágil a nossa evolução. Por mais que exista um desejo comum entre a maioria das pessoas sobre a paz, sobre a tolerância, sobre vivermos de forma mais harmônica, aceitando o próximo e suas diferenças, a verdade é que o discurso e a prática ainda são vias bem distantes. O que nos faz tão agressivos e incapazes de argumentar o nosso ponto de vista sem ofender aos outros? No fundo o poder que ainda rege a maior parte de nós e de nossas vidas é o da subjugação. O de que alguém precisa perder para eu ganhar. Onde fica toda a nossa lucidez e consciência de fazer diferente quando nos vemos pressionados, acuados ou simplesmente encontramos com alguém que pensa de forma diferente?
Eu costumo ter um olhar positivo sobre as pessoas e acredito que todos nós estamos sempre fazendo o nosso melhor, mas em dias como esses fico me perguntando se realmente temos o desejo de evoluir ou se tudo é um grande discurso vazio, palavras ao vento. Sinto um aperto no coração ao ver o tempo que se perde com discussões estúpidas e sem escrúpulos. Onde tudo isso vai nos levar?
Essa seria uma ótima oportunidade de discutirmos realmente temas importantes que nos faria crescer e vivenciar tudo aquilo que tanto gostamos de expressar. Infelizmente estamos desperdiçando este momento. Mas continuo com o firme propósito de que vamos conseguir discernir o que é realmente relevante do que é apenas lixo mental. Faço um apelo para aqueles que estão lendo este texto: hoje, e só por hoje, fale a sua verdade, defenda as suas ideias, mas tolere as opiniões diferentes das suas. Argumente, mostre seus caminhos, mas não tire o amor do seu coração. E amanhã, se você gostar da experiência, faça isso novamente.
Parte da obra “Sounds of Light” com pintura da Tribo Huni Kuin e intervenções de Naziha Mestaoui – acervo da Exposição Made by…Feito por Brasileiros |
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