Há séculos que essas crenças estão sendo questionadas, porém como a massa que seguia o modelo absorvido era maior, os questionamentos foram reprimidos, embora cumpriram sua função ao colocar esses questionamentos aos poucos, no nossos corações e mentes.
Só para considerar a história moderna e recente, as duas Guerras Mundiais trouxeram mudanças significativas para a humanidade, entre elas, a saída das mulheres do espaço privado e reservado – o lar – ao qual estavam restritas, por vontade própria ou não, para irem às fábricas costurarem uniformes. As guerras acabaram e elas nunca mais voltaram para casa.
Focando nos aspectos da identidade feminina e masculina, tema principal do nossos estudos dos Movimentos Humanos, essa invasão territorial das mulheres dentro do espaço público contribuiu em muito, à quebra de crenças estruturais que regiam as nossas verdades.
Como por milênios acostumamos a nos sentir seguros através dos condicionamentos externos, a quebra de crenças estruturais abalaram nossa segurança e trouxeram o medo para nossos corações: não sabemos mais o que é certo nem o que é errado.
Para outros, o caminho é ficar no limbo. Acuados, sem saber como lidar com a nova realidade. Voltar ao passado não faz sentido, porém o novo tampouco faz tanto sentido assim. Não estamos tão convencidos dele. Para podermos viver com certa tranquilidade muitos de nós optamos pelo caminho do ‘politicamente correto’, mas não necessariamente essa atitude e comportamento refletem um sentimento genuíno interno de aceitação do novo. Até nesse momento somos massa, agimos como massa.
Para outros de nós ainda, geralmente poucos, cabe a aventura do novo. É o caminho mais difícil e solitário; mas, provavelmente mais curador. Na experiência há conhecimento, e com conhecimento e experiência, temos como ganho o reconhecimento do que é verdadeiro dentro de nós. Se abrir para o novo significa conhecer novidades, se colocar na posição de aprendiz, deixar que o novo seja uma real possibilidade. Se permitir deixar, com amor, para atrás, crenças até então estoicas.
Estamos num momento especial da humanidade. Acreditamos que seja um dos poucos em que exista informação e conhecimento disponível suficiente para cada um de nós decidir quais são as crenças que vamos seguir: as que vem do passado? as que se mostram futuro? ou vamos olhar para dentro, para nossa essência, para nosso Sentir, e decidir as crenças que estejam mais alinhadas com o nosso ser e nos permitam viver a vida mais genuína e autêntica que nos seja possível, num mundo em sociedade?
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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