Ontem assisti ao filme HER (Ela) do diretor Spike Jonze e saí do cinema com sensações bem estranhas. Não sou especialista no assunto, embora adore cinema, e por isso acredito que filme bom é aquele que te segue. Ou seja, faz você refletir por algumas horas, dias, semanas. No caso de HER, o filme é sensível, tem uma bela fotografia e é bem angustiante em alguns momentos – pelo menos para mim. Resumidamente a história é a seguinte: um escritor (de cartas), atravessando uma fase bem depressiva e solitária da sua vida, compra um sistema operacional e começa a desenvolver uma relação, digamos, inusitada, com o tal SO (ou seria “a tal?”). Sobre o filme em si é isso que tenho a dizer e fica a dica que em tempos em que nos relacionamos cada vez mais com as pessoas através dos tinder, whatsapp, facebook e outros tantos aplicativos da vida, vale a pena ver para onde podemos nos encaminhar num futuro bem próximo. 


Mas vou buscar inspiração em HER para falar de um assunto secundário no enredo, e totalmente protagonista no nosso tema da semana. O fim de uma relação amorosa (ou o recomeço de um novo momento para as duas pessoas que se separam). No filme, o motivo da depressão do protagonista é o fim do seu casamento. Ele não consegue seguir sua vida adiante. O interessante é que trata-se de um homem sensível, com o incrível dom de expressar sentimentos em palavras escritas. Sentimentos de outras pessoas, que ele nem conhece – que fique claro. No seu trabalho, ele escreve cartas de homens apaixonados para as mulheres amadas, de maridos para esposas, de pais para filhos e toda espécie de relação. Para alguns clientes, ele faz isso há anos, conhecendo detalhes das pessoas envolvidas. Mas quando se trata da sua própria vida e de expressar os seus próprios sentimentos ele é simplesmente incapaz de fazê-lo. E ele tem total consciência do que pôs fim ao seu casamento. E mesmo assim ele simplesmente não consegue agir. Quem já não passou por situação semelhante que atire a primeira pedra! 

O fim de um relacionamento me parece ser um dos mais difíceis recomeços. Por isso é tão difícil de expressar e, muitas vezes, é paralisante.  A vida só segue porque o mundo não nos dá um tempo e continua tocando em frente. E com toda a energia que envolve a situação, é bem comum nós “empacarmos” e ainda não deixar a vida do outro também fluir. É preciso consciência e muito amor para mudar a frequência e voltar a viver. 

No filme tem uma frase que eu adorei: o passado é apenas uma história que contamos para nós mesmos. Esta me parece uma boa forma de começar a renovação após uma separação. Conte a si mesmo, e a quem mais interessar, a melhor versão do seu passado e deixe no universo apenas as coisas boas que foram vivenciadas. Libere-se do sofrimento e deixe o outro caminhar. A vida sempre reserva surpresas e, certamente, isso acontecerá com você também. Siga em frente. Tudo vai dar certo.