Acho engraçado quando escuto (ou leio) a frase: optei ser mãe em tempo integral. Obviamente eu sei do que se trata, mas sempre me dá vontade de perguntar se alguma mulher já decidiu ser mãe em tempo parcial. Já me vi criando alguns diálogos imaginários, sem noção, do tipo:
– Ah, você é mãe parcial?
– Sim, sim. Resolvi que o melhor para mim é ter filhos apenas de segunda à sexta das 9h às 18h!
De novo: a expressão significa que uma mulher abriu mão de algo (emprego, estudos, etc) para cuidar do(s) filho(s) o tempo todo. Nada contra as mulheres que fizeram esta opção. Tenho muitas amigas que fizeram isso e estão ótimas! Não poderiam ter acertado mais na escolha. O que quero dizer é que me divirto com a expressão. Embora saiba que por trás desta decisão tenha algo muito sério e é sobre isso que gostaria de dialogar hoje. Primeiro porque optar é renunciar, portanto, se uma mulher abriu mão de algo em função da maternidade, de fato, foi uma grande decisão. Renunciar não é fácil. Necessita uma certa dose de coragem e de desapego. Já ouvi mulheres dizendo que têm medo de ficar em casa e “emburrecer” ou ter foco em apenas um assunto: o universo infantil.
Além disso, muitas vezes, significa perdas financeiras que, ao menos que a mulher seja herdeira de uma fortuna, podem diminuir o padrão familiar, ou ainda, torná-la dependente financeira de outra pessoa (nem vamos entrar na discussão de que esta pessoa é o marido – prefiro deixar o assunto aberto e abrangente, se me permitem).
Pois muito bem, mas onde eu quero chegar? Quero chegar na explicação. Uma mulher que abre mão, renuncia, opta pela maternidade integral normalmente está se explicando sobre as razões que a levaram a isso. E sempre parecem ter que mostrar sua história como um conto de fadas: como se cuidar de filhos só tivesse o lado bom. Convenhamos: nem tudo é um mar de rosas. Mas e daí? Por que você tem que explicar para as amigas, conhecidos, para o padeiro e até começar a escrever um blog sobre o assunto? Acho que já deu para entender, né? Por que nos sentimos tão obrigadas a fazer parte de um padrão?
Sempre disse, e reafirmo, que faria do meu filho um ser pior se tivesse abdicado da minha carreira. A verdade é que a minha paixão pelo que faço é tão parte de mim que se tivesse que renunciar a isso seria uma pessoa frustrada. E, honestamente, o que é melhor: uma mãe frustrada “full time” ou uma mãe que não fica em casa o tempo todo, mas se sente realizada por produzir? Eu, ao menos, preferi optar pela realização. Meu filho não parece ter tido problemas com isso, muito pelo contrário. Mas todas as recíprocas são verdadeiras: trabalhar infeliz é certamente a pior demonstração que podemos passar para um filho a respeito de trabalho. Assim como não há nada de errado em se ter vocação para ser mãe e ponto final.
Tenho insistido no mesmo ponto: o que importa é a sua verdade. Não existe regra. Nem certo ou errado quando se trata de propósito de vida. O importante é descobri-lo e ser feliz. Seu filho e o mundo agradecem.
Tenho insistido no mesmo ponto: o que importa é a sua verdade. Não existe regra. Nem certo ou errado quando se trata de propósito de vida. O importante é descobri-lo e ser feliz. Seu filho e o mundo agradecem.
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