Quando estava procurando escola para meu filho em São Paulo, 13 anos atrás, fiquei apaixonada por uma delas, depois que ouvi da diretora as seguintes palavras:
“Não tratamos todos como iguais. Cada indivíduo é diferente e nós identificamos essas diferenças e fazemos com que eles se desenvolvam a partir dos seus próprios talentos e habilidades. Mas temos regras, limites e um plano de estudo que deve ser seguido. Trata-se de um trabalho árduo e por isso as turmas são pequenas”.
Ele estudou lá 5 anos. Quando passou da pré-escola para o ensino fundamental houve uma celebração. Não uma formatura da pré-escola como é comum na escolas atuais. O que teve foi o que eles chamam de Festa das Cores. Cada criança deveria escolher uma cor e naquele dia ela e sua família deveriam comparecer a festa com a cor escolhida. O palco era uma arena que foi montada no pátio da escola que é de “chão batido”. Olhando para a platéia você entendia porque a chamavam de festa das cores. As crianças escolhiam se queriam dançar, cantar, recitar poesias ou tocar algum instrumento e ensaiaram durante algumas semanas. Não houve uma medalha para o aluno mais brilhante, nem uma menção a nada que fosse maior ou melhor. Isso simplesmente não existia lá. Houve um grande show, harmônico e emocionante. Os professores não fizeram o tipo “faça o que seu mestre mandar” na frente da turma. Eles tocavam, dançavam e cantavam juntos e integrados aos alunos. Nunca na minha vida fui a um evento mais emocionante. Não apenas por ter sido algo relacionado ao meu filho, mas também por ter compreendido, naquele momento, cada palavra do que a diretora havia me dito anos atrás e por me sentir grata em poder vivenciar este aprendizado.
Quando ele resolveu mudar de escola fiquei chateada porque, para mim, aquele era o lugar perfeito para a educação dele. Eu queria ter estudado lá! Mas foi a própria escola que me ensinou a respeitar o direito do meu filho de querer algo diferente do que eu gostaria. Ele mudou para uma escola bem mais tradicional e este ano termina o ensino médio lá. Foi uma ótima escolha para ele, afinal. Mas certamente os anos passados na escola anterior fez a base para ele ser a pessoa que é hoje. Um homem, moço, que entende e aceita o que é diferente dele.
Cada vez que me conecto com o conceito de isonomia, colocado pelo Projeto Uno no Movimentos Humanos me vem a cabeça esta Escola e tudo que ela fez pelo meu filho. O olhar sob o indivíduo como um ser único, não apenas como um número impresso numa chamada escolar fez com que eu entendesse, claramente, o que é esta tal isonomia e como o mundo pode ser cada vez mais colorido se conseguirmos introduzir este conceito em nossas vidas.
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