Confesso que até hoje de manhã eu ainda não tinha uma única história para ilustrar ou responder a pergunta que a Nany lançou aqui no blog esta semana. Nós não temos a maior audiência do mundo, mas sempre tem um ou outro que interage com o tema. Desta vez nada aconteceu. A pergunta o que é poder para você e quem você conhece que tem poder continuava sem resposta. 

Eu me alimento das histórias que ouço no meu dia a dia e, apesar disso, desta vez, também nada tinha para responder, muito menos para contar. Resolvi ir ao salão de beleza de uma amiga, onde sempre encontro pessoas que lêem o blog e normalmente acontece um bate-papo sobre o assunto que estamos abordando na semana. Quem sabe, com sorte, uma boa conversa de salão ajudaria. De fato não foi preciso dar mais do que um ou dois passos porta adentro que uma cliente me cumprimentou e me falou sobre o assunto poder. Ela me disse que não respondeu porque não entendeu. “Tem poder quem é poderoso”, brincou.
Não precisou de muito tempo já éramos 4 ou 5 mulheres falando sobre o tema. Mulherada reunida é bom porque qualquer assunto vira debate! Umas falavam que nós, mulheres, somos poderosas. Uma moça que entrou na conversa por tabela, mas que nunca leu o blog, disse que o chefe dela tinha muito poder. Até uma menina de 11 anos, que sempre encontro lá fazendo a unha e que é autora de dois blogs (sim, ela é blogueira com esta idade), me disse que os pais dela são poderosos. Perguntei o motivo e ela não soube responder ao certo. Ninguém soube. Falavam sobre liderança, dinheiro, posição, subjulgação até. Mas não sabiam se o motivo para o poder das pessoas citadas eram aqueles.


Entendi que o conceito do poder isonômico é tão novo quanto o poder que subjulga é velho. A sensação que tive é que ninguém sabe mais o significado e o verdadeiro valor da palavra poder. Pelo que tenho conversado com a Nany isso parece ser bom, mas pode ficar melhor.
Quando fiquei sozinha no lavatório me dei conta que ainda não tinha uma história para contar. Já com um certo desespero cheguei até a cogitar em escrever que tem poder quem tem tempo, pois eu estava totalmente atrasada para publicação de hoje e nada ainda me ocorria. 

Mas aí algo caiu em minhas mãos: a recepcionista trouxe para eu ler, em primeira mão, a revista Claudia de setembro que haviam acabado de entregar. Resolvi dar uma folheada meio sem interesse e acabei caindo nas três primerias colunistas da revista. O engraçado é que todas tratavam do mesmo assunto, em suas visões bem diferentes. Quem me deu a luz mesmo foi a Danuza Leão. A coluna dela falava sobre uma brincadeira entre ela e os amigos que serve para passar o tempo nos encontros de domingo: cada um deles tinha que falar dos melhores momentos que haviam passado na vida. Dito isso e aquilo, lá pelas tantas ela descreve sobre uma viagem que fez a Londres e que poderia ter sido horrível, pois ela havia esquecido o celular em Paris. Reproduzo abaixo o trecho que me inspirou:

“Relaxei e me dei conta de que ninguém no mundo inteiro sabia onde eu estava. Nem em que país, nem em que cidade, nem em que hotel. Eu estava fora do alcance de tudo e todos, absolutamente incomunicável. Nada poderia me atingir, eu pensei e, em seguida me senti livre, livre como nunca havia me sentido – e olha que não sou nada presa às chamadas convenções. Foi tamanha a felicidade que experimentei – não, a palavra felicidade não é suficiente. Foi como uma comunicação profunda comigo mesma, uma liberdade plena e total de existir, sem depender de nada nem de ninguém, uma sensação de poder completo, no mais alto dos níveis.” 

Compreendi então que esta era a história: ainda reagimos tanto aos padrões que temos que estar bem distante deles para, de certa forma, sentir este novo tipo de poder. Aos poucos, eu acredito, todos nós vamos compreendendo e entrando em contato com um novo mundo e assim, vai tudo se modificando. Não importa o tempo que se leve para novamente entendermos o que é poder e quem tem poder. O que importa é estar atento para as novas possibilidades que isso nos traz.