“Enquanto a mudança não ocorre no coletivo, o caminho é individual: escapar das expectativas alheias. Redefinir o que melhor para si mesmo e retomar o controle da própria vida“.
Esta frase faz parte da matéria “O Tempo redescoberto” da revista Simples de setembro e reflete aquilo que vemos aqui na behavior: cada vez mais estamos vivendo conscientemente dois personagens o público e o privado. É verdade que sempre vivemos assim, mantendo uma aparência social e, no ambiente privado, sendo diferente e mais próximos as nossas verdades. Só que antigamente considerávamos isso correto e adequado, evitar nos mostrar por completo e optar por ser uma persona mais plástica e pré-moldada no ambiente público condizia com uma pessoa madura, adulta e responsável. Àquela que sabe se comportar em público, diziam os adultos.
A diferença com o momento atual, é que nós não queremos mais atuar e agir de forma tão distante de quem realmente somos em nenhum ambiente, porém, a pressão social é tão pesada, ou temos tanto medo dela, que tornou-se uma defesa quase imprescindível ocultar o que pensamos e queremos de fato. Porque agimos assim? porque em grupo, no ambiente público, somos tão severos, formatados, antiquados entanto que no ambiente privado estamos nos soltando, desarmando, desmoldando cada vez mais? O que nós impede de levarmos mais da nossa verdade para o mundo lá fora?
Um exemplo claro disso é quando apresento os resultados do Projeto Uno para um público pela primeira vez, especialmente num ambiente corporativo: ao longo da apresentação vejo as pessoas me olhando com muita atenção, vejo eles confirmando com a cabeça cada conclusão que coloco, dando risada desconfortável e a cada exemplo dado, percebo como cada um vai se vendo dentro da apresentação e ficando cada vez mais refletivo. Invariavelmente, no final alguns vêm falar comigo e me comentar ou contar algum detalhe pessoal confirmando o que nossas pesquisas têm mostrado. Porém, a grande maioria quando volta a seu lugar e assume seu papel corporativo, parece que apaga tudo da memória e age como se a realidade apresentada não existisse. Pensa que a população, o mercado não é assim e… decide encima do que é visto no ambiente público, mesmo sabendo que está em transição.
Porque? porque não assumir em público o que cada um está vivendo, se todos o estão? e quero deixar claro aqui que não estou considerando os que realmente não concordam com os resultados – aos quais, respeito a opinião. Estou me referindo aqui àqueles, a grande maioria, que confirmou com sua cabeça cada conclusão oferecida.
Para eles minha pergunta: qual é o receio de assumir em público o que já está no privado? Talvez seja esta um tema de uma outra pesquisa da behavior, mas por enquanto o que importa aqui é a reflexão sobre o quanto cedemos a pressão social, o quanto o que as pessoas pensam ao nosso respeito faz que representamos o que não somos, o quanto adiamos o que nos daria liberdade de ser e estar? Qual é a razão? Aceitação? Medo de rejeição? Vamos discutir isso esta semana?
boa semana a todos!
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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