Sábado assisti ao filme Planeta dos Macacos, o confronto. A mensagem do filme tem a ver com algo que acredito: importa pouco a raça, o sexo, a nacionalidade, a cor, a origem, a classe sócio-econômica, ou como no caso do filme, a espécie. Em todos os lados há seres que conseguiram superar suas dores e perdoaram com lucidez (veja nosso post sobre esse tema) e a aqueles que vivem alimentados pela dor e pela raiva que ela gera.
Pesquisando seres humanos há mais de duas décadas hoje sei que a essência humana é bastante parecida em todos os segmentos. A cultura contribui a fortalecer alguns valores em detrimento de outros, o que ajuda a distinguir especialmente na aparência, posto que refina a forma. Mas a essência, a mola propulsora que leva ao ato, podem acreditar, é a mesma. O que distingue hoje para mim, não é mais a forma, mas sim a escolha de qual mola propulsora será usada. A dor ou o perdão. Porque todos nós temos coisas a perdoar, inclusive de nós mesmos.
Se olharmos sob está perspectiva, a busca pela diferenciação através de grupos – católicos vs evangélicos, brancos versus negros, latinos versus europeus, homens versus mulheres, judeus versus árabes e por ai vai – faz menos sentido. A diferenciação fazer menos sentido é o que configura uma das facetas de mudança do conceito de poder.
A necessidade de diferenciação é algo profundo que tem a ver com auto-afirmação e pertencimento dentro de um contexto social. Esta auto-afirmação foi construída numa base de crenças que diz para se ter valor, tem que ser melhor, maior, de alguma forma mais. Ela encobre a competição. Aprendi que a competição é necessária quando se é criança porque é uma forma de encontrar seu espaço a partir da referência do outro, mas a medida que vamos nos tornando mais consciente de quem somos, ela deveria fazer menos sentido. Na maturidade e com uma autoconfiança equilibrada, nós existimos com menos dependência do outro. Assim, não preciso competir para ganhar. Não preciso que alguém perca para eu ser vitorioso.
O poder embasado na diferenciação, e o que pior, na culpabilização de quem é diferente é um dos pilares do antigo poder, por isso ele se esforça em aumentar a raiva e evitar a paz. Ainda bem isso está começando a não fazer sentido.
Fiquem agora com um pouco do filme, e se puderem assistam.
Ótima semana a todos!
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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