Entre homens e mulheres a solidão é, talvez, uma das maiores assombrações que a vida moderna nos desafia a passar. Vejo amigas e amigos, muitas vezes infelizes, com as escolhas que fazem seja em seus relacionamentos amorosos ou em amizades por não suportarem ficar só. Embora poucos assumam isso, é muito claro perceber que este bicho-papão está solto por aí. Eu também morria de medo, e claro, ainda sinto medo da solidão. Sei bem o que é isso e, aprendi,”a duras penas”, a diferença entre solitude e solidão. Como diz a música do Lobão:
As cortinas transparentes não revelam
O que é solitude, o que é solidão
Um desejo violento bate sem querer
Pânico, vertigem, obsessão
Na verdade, reaprendi o que é solitude porque quando era criança em gostava de ficar sozinha. Não que eu só brincasse sozinha. Eu tinha amigos e gostava das brincadeiras em grupo, mas também tinha necessidade de entrar no meu próprio mundo, falar com meus amigos imaginários, ficar comigo.
Muitos e muitos ano depois descobri a solidão. Dolorida, ácida e revoltante. Especialmente quando me mudei para São Paulo. Sempre compartilhei a guarda do meu filho com o pai dele e, portanto, durante muitos dias ficava sozinha. Fiz amigos, claro, mas nem sempre eles estavam disponíveis. E nem a minha família estava por perto.
Muitos e muitos ano depois descobri a solidão. Dolorida, ácida e revoltante. Especialmente quando me mudei para São Paulo. Sempre compartilhei a guarda do meu filho com o pai dele e, portanto, durante muitos dias ficava sozinha. Fiz amigos, claro, mas nem sempre eles estavam disponíveis. E nem a minha família estava por perto.
Foi assim que, aos poucos, fui redescobrindo a solitude. Aprendi a gostar do silêncio – fundamental para quem trabalhar com comunicação, como eu. Fui perdendo o preconceito de ir a lugares públicos sozinha: restaurantes, cinemas, cafés, exposições, livrarias, teatro. No começo foi difícil e sempre ouvia a voz de uma amiga que dizia: “o mundo é formado de dois e quando você está sozinho isso fica mais evidente”. De fato: por todos os lados as pessoas estavam a dois, a três, a dez. Mas chegou o dia em que comecei a amar os momentos em que eu poderia desfrutar apenas da minha própria companhia.
De uns tempos para cá, ficar sozinha foi rareando por diversos motivos: como eu e meu companheiro decidimos morar em casas separadas queremos estar juntos nas horas que sobram para o lazer. Meu filho também já não vai com tanta frequência para a casa do pai, que agora mora em Brasília, afinal, ele é adolescente e ficar aqui com os amigos é bem mais interessante. Respeitamos isso, e assim, ele também passa mais tempo em casa. E finalmente, eu decidi tocar alguns projetos paralelos o que faz do tempo vago algo muito precioso.
Mas este fim de semana tudo conspirou para novamente eu estar em solitude: eu, meu cachorro, meus pensamentos e nada mais. Foi uma experiência interessante, pois descobri que estar com você mesmo, sem sentir que isso é solidão, é também um treino contínuo. Se você parar de exercitar começa a ficar difícil sentir paz. Muitas vezes me peguei com vontade de compartilhar coisas que aconteciam, especialmente como meus meninos: marido e filho. Apesar disso, no fim do sábado, senti a plenitude em mim. Uma sensação maravilhosa por ter ficado comigo, por ouvir meu coração, organizar pensamentos e, especialmente, ter tempo para acalmar minhas angústias que estavam bem mais latentes do que eu imaginava. E desejei que as pessoas soubessem a diferença entre solitude e solidão e comprovassem que o ditado “antes só do que mal acompanhado” tem um lado muito bom. Vale experimentar.
Outra conclusão que cheguei, bem engraçada por sinal, é que meu cachorro, grande companheiro, também tem seus desejos de ficar só. Digo isso porque, às vezes, ele simplesmente sumia de perto de mim. Mas até isso me fez refletir sobre respeitar o momento de solitude do outro. Já que eu gosto tanto, tenho que aceitar o momento outro também.
Por fim, fiz algo que (confesso!) se tornou, ao longo do tempo, também um prazer quando estou sozinha num restaurante: ouvir a conversa das mesas alheias . Mas o assunto, desta vez, foi tão rico que este vale um texto só para falarmos disso amanhã.
2 Comments
Nossa! Me vi nesse artigo.
Quando criança também deixava de brincar com meus coleguinhas para brincar sozinha.
Já morei só em outra cidade longe da família e amigos.(Choraaava)
Agora moro com companheiro e são raros os momentos de solitude.
Também quando posso tiro algum sábado só pra mim.
Que legal, Climeidy! É muito bacana quando temos esta conexão. Esta é a idéia: reflexões, diálogos e crescimento. Muito obrigada por nos prestigiar. Muito boa esta troca.
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