Pense na cena: você chega na fila do elevador e diz bom dia para as pessoas que já estão ali. Ninguém responde. Você entra no elevador e novamente diz bom dia para os que já estão lá dentro. Um ou dois respondem, porém ninguém levanta os olhos do celular para ver quem foi a pessoa que os cumprimentou.
Esta não é uma cena difícil de imaginar porque está cada dia mais comum. Os “brinquedos” da vida moderna, travestidos em celular, smartphones, tablets e afins, certamente facilitaram as nossas vidas e não há nada de errado com eles. O ponto é outro: nós simplesmente esquecemos as regras mais básicas de educação e, portanto, de relacionamento quando estamos entretidos com nossos brinquedos.
Mais complexo ainda: perdemos o poder de observar o que está a nossa volta. De sorrir olhando nos olhos de um desconhecido. De bater um papo despretensioso com alguém que não conhecemos. Como se aquelas máquinas em nossas mãos fossem tão ou mais fundamentais quanto o ar que respiramos. E atire a primeira pedra quem nunca fez isso. É um hábito generalizado que ultrapassa todas as fronteiras: pessoal, profissional, país, idade, status social, gênero.
Uma pena perdermos esta capacidade de ver o que está a nossa volta, não é? Assim ficamos cada vez mais isolados, longe, distantes. Depois reclamamos de solidão, apesar dos nossos 1322 amigos nas redes sociais. Isso não é uma crítica ao contexto de mundo em que vivemos. Mas, até por isso, precisamos lembrar que um sorriso, às vezes, salva o dia de uma pessoa. Uma conversa traz a solução de um problema e desejar bom dia pode significar tanto quanto os 15 likes no seu último post.
Que tal tentar, apenas uma vez ao dia, entrar num elevador sem estar com o(s) celular(es) na mão e desejar bom dia? Sorrir para a primeira pessoa que cruzar seus olhos? Puxar conversa com a primeira pessoa que encontrar? Esteja preparado para ser o único a fazer isso, mas alguém tem que começar, né? Lembra daquela história sobre o rapaz que jogava as estrelas do mar da areia de volta para o oceano? É a mesma coisa.
Estrelas-do-mar
Era uma vez um escritor que morava em uma tranquila praia, junto de uma colônia de pescadores. Todas as manhãs ele caminhava à beira do mar para se inspirar, e à tarde ficava em casa escrevendo. Certo dia, caminhando na praia, ele viu um vulto que parecia dançar. Ao chegar perto, ele reparou que se tratava de um jovem que recolhia estrelas-do-mar da areia para, uma por uma, jogá-las novamente de volta ao oceano.
“Por que está fazendo isso?”- perguntou o escritor.
“Você não vê! – explicou o jovem – A maré está baixa e o sol está brilhando. Elas irão secar e morrer se ficarem aqui na areia”.
O escritor espantou-se.
“Meu jovem, existem milhares de quilômetros de praias por este mundo afora, e centenas de milhares de estrelas-do-mar espalhadas pela praia. Que diferença faz? Você joga umas poucas de volta ao oceano. A maioria vai perecer de qualquer forma”.
O jovem pegou mais uma estrela na praia, jogou de volta ao oceano e olhou para o escritor.
“Para essa aqui eu fiz a diferença…”
Naquela noite o escritor não conseguiu escrever, sequer dormir. Pela manhã, voltou à praia, procurou o jovem, uniu-se a ele e, juntos, começaram a jogar estrelas-do-mar de volta ao oceano.
Sejamos, portanto, mais um dos que querem fazer do mundo um lugar melhor. Sejamos a diferença!
Autor Desconhecido
2 Comments
Isa, uma delicia te ler. Sempre achei que escrever era uma forma de ficar, de fazer diferença pelas palavras. Um brinde aos movimentos humanos!!
Bjs
Fer
Querida Fer! O desejo de contar histórias só pode ser alimentado quando temos fontes de inspiração que nos renovam e você, certamente é, foi, sempre será, uma das minhas mais fortes inspirações. Muito obrigada pelas carinhosas palavras. Beijo grande.
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