As mulheres andam cansadas. Elas falam isso para nós o tempo inteiro. Após estes anos todos ouvindo e estudando mulheres e homens uma coisa é bastante clara para mim: as mulheres estão na sua grande maioria, tomadas por uma crença aprisionante, mulheres sabem mais que os homens. E isso as coloca – se colocam – na posição cansativa de terem que conduzir a vida do casal e da família.
Entendemos que isso deve-se à própria necessidade de autoafirmação oriunda de anos ouvindo mensagens dizendo que elas não eram tão boas quanto os homens. Por mais que ela tenha conseguido comprovar que pode tanto quanto o homem, que é capaz; ela ainda precisa, talvez mais para ela do que para os outros, dizer não só que é capaz mas é melhor.
Ser melhor é uma posição cansativa especialmente se o parâmetro é o outro. Essa necessidade de ser melhor que o outro está conectada com a necessidade de comparação e promove a competição. Aprendi que competição quando é um estado permanente da pessoa – todos nós conhecemos pessoas que vivem competindo sobre tudo e com todos – demostra um estado imaturo de personalidade.
A personalidade madura precisa menos do outro para ser. O desejo de ser melhor e de superação nestas pessoas têm mais a ver com melhoria sobre si mesmo, superando seus próprios limites. O desejo de ser melhor que o outro leva a querer seguir os passos do outro para poder competir. No final, vive-se menos a própria vida.
As mulheres ao viverem a crença de que sabem mais que os homens, agem como se o homem não soubesse. Se colocam no papel de líderes do lar, da família. Se o seu companheiro não pensa ou quer algo que ela queira, então ela insiste em convencê-lo pela razão ou pelo cansaço. Ah! que cansaço. Para ambos.
Quando nos colocamos como as sabe-tudo, nos tornamos responsáveis por tudo. E isso cansa. Seria tão bom se nós mulheres, aceitássemos que o mundo gira sem necessariamente nossa vontade e que a nossa verdade e a forma como fazemos pode não ser a melhor. Se assumir isto é muito para você mulher neste momento, então começa a pensar que mesmo não sendo a melhor, a maneira como o outro faz permite você dividir responsabilidades, faz o outro crescer – você não sonha com um homem sábio, forte, que te proteja? Esse homem mítico que permeia o imaginário das mulheres, para existir precisa deixar de ser meio homem, meio filho e se tornar um homem por inteiro. Vamos ajudar?
Devo ressaltar que esta crença não é só feminina. Para uma crença se manter ela precisa ser alimentada pelos dois. Portanto, os homens que têm mulheres que agem em função dessa crença devem querer não ter que assumir a responsabilidade do homem adulto e se acomodam no papel de meio homem, meio filho.
Nem todos sabem sobre tudo. A troca é fundamental para acertar mais. Se o casal pensar como par, serão a soma de duas mentes e corações num objetivo comum. O sucesso será a soma de ambos. E distribuindo o peso, o cansaço diminui em ambos.
Boa semana para todos!
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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MA-RA-VI-LHO-SO!!!! Amei esse artigo demais. palavra do dia: reflexão
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