No meu post da semana passada falei sobre como é difícil ter um sexo que nos arrebate numa relação romântica-companheira. O que não disse é que boa parte dos entrevistados que vivem esse tipo de relação, consideram que o sexo praticado é gostoso.
Fui atras da compreensão do que é gostoso e cheguei, até o momento, a um conceito que está bastante associado a algo doce e suavemente prazeroso. Faz sentido este caminho de raciocínio quando pensamos que nas relações românticas-companheiras o desejo de segurança e a estabilidade que ele proporciona, são vitais.
Talvez não queiramos mais solavancos dos que temos que enfrentar fora de nosso núcleo de segurança. Esse aconchego que uma relação amorosa que prima pelo companheirismo traz consigo, nos deixa menos ousados para os aspectos privados, como o sexo.
Há também outros aspectos da vida de uma relação romântica-companheira que vão nutrindo-a e fazendo do conjunto um grande prazer: a troca de idéias, planos compartilhados, filhos – ah! grandes distrativos mais ainda hoje que ocupam um espaço social maior – entre tantos outros aspectos que hoje preenchem o nosso imaginário de vida feliz e plena. Ou seja, o sexo, ocupa hoje um ponto menor nesse imaginário.
Quando pensamos em desejo sexual, um ponto que ajuda a explicar a diminuição dele, é a abertura que existe hoje na sociedade para falar, ver e fazer sexo. Boa parte dos jovens – cada vez mais jovens – pode dormir com seus namorados nas casas dos pais sem maior constrangimento. O que antes era proibido virou permitido. O que era tabu veio a luz e com isso, perdeu seu sentido de pecado e de transgressor. Como me disse Luiz Felipe Pondé numa das nossas conversas parafraseando XXX “o tesão precisa de claustro”. Por outro lado, jogo aqui a hipótese de estarmos como sociedade diminuindo o nosso foco no sexo como fonte única de tesão.
E antes que atirem a primeira pedra, reconheço aqui que existem pessoas para as quais o sexo é muito importante, quase vital. Meus estudos, até agora, me levam a associar essas pessoas ao raciocínio do post da semana passada: pessoas ligadas ao poder sobre e ao êxtase.
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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