Hoje de manhã decidir meditar no pequeno jardim que tenho na minha casa. Quando abri os olhos após a pausa meditativa fiquei olhando a minha casa e o espaço em que me encontrava. Quando nos mudamos para São Paulo um dos pré-requisitos que tinha para encontrar a nossa casa era que tivesse um jardim por menor que ele fosse. Além de ser um espaço para nosso cachorro também seria a forma de manter contato com o verde. Pois bem, devo confessar que foram pouquíssimas as vezes que usei o jardim.
Tenho pensado muito sobre a abrangência do conceito de sustentabilidade em função de uns textos e materiais que estou trabalhando. A sustentabilidade está bastante associada, principalmente no Brasil, ao meio ambiente e a coleta de lixo. Já se caminha ao entendimento do consumo consciente – ter o que de fato é necessário e não simplesmente acumular bens. Mas esses conceitos são só o início. De forma simples, entendi que ser sustentável abrange todo o que significa existir minimizando o prejuízo dessa existência para contribuir com a sustentação (manutenção) de todo o sistema em que estamos inseridos.
Aproveitar de formas diversas os espaços físicos é uma forma de ser sustentável. Claro que ir ao Parque Ibirapuera meditar, tem um sentido maior, pelo próprio ambiente. Mas nem sempre há tempo para esse deslocamento e ele implica, necessariamente, no meu caso, usar o carro (mais gasolina, contribuo com piorar o tránsito, etc). Usar meu jardim é uma forma de aproveitar para outros fins o espaço já existente. Agora ele não é só um lugar onde temos nosso pequeno ervário, nem somente o local para nosso cachorro ter algum contato com a grama, mas também ele é o local onde posso trabalhar (viva o wireless!), meditar, ter reuniões (sim sejam virtuais ou reais) ou simplesmente descansar.
Quando decidi trazer a Behavior para um espaço disponível na minha casa e desenvolver meu trabalho no sistema de home-office, o sentimento de perda foi grande. O escritório te dá uma dimensão de grandeza e de sucesso. E não só para você mas também para os outros. Mas agora quando vejo a janela do meu escritório desde meu jardim me pergunto: como podia me dizer sustentável naquela época, se hoje continuo fazendo o mesmo ocupando menos metros quadrados, gastando menos gasolina e tantas outras coisas que fui otimizando?
Deve haver um motivo pelo qual acostumamos a não usar tudo aquilo que possuimos, sejam espaços físicos ou objetos. Por algum motivo os temos, mas por algum outro motivo ficam ai armazenados a espera da ocasião certa que talvez nunca chegue. Uma coisa estou aprendendo a cada dia, todo dia se pode ser mais sustentável. É só olhar em volta no nosso pequeno mundo e se abrir a novas formas de viver a nossa vida com as mesmas coisas e nos mesmo lugares.
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
2 Comments
Excelente texto Nany!
Me fez repensar os meus conceitos de sustentabilidade. Se me permite gostaria de inserir o link lá no meu blog: http://temperodavida.wordpress.com/.
Abraços
Claro Geovana pode colocar o link e vou dar uma olhada no seu blog. Abraços,
Nany Bilate
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