(Português) Lembro quando comecei a primeira onda do Projeto Uno – pesquisa que realizo pela behavior, minha empresa – em 2010, tendo como foco as mulheres. Queria compreender em profundidade o que elas sentiam e entendiam sobre ser mulher num país como o Brasil. A época era propícia, porque estava se iniciando a discussão massificada sobre o empoderamento feminino. Lembro que, enquanto ia compreendendo crença a crença o que levava a nós, mulheres, construir o que é ser mulher, ia ficando furiosa.
Leia mais(Português) Os privilégios masculinos foram herdados de uma cultura antiga. Cultura que era transmitida desde cedo, no lar. O Poder Sobre podia ser agressivo e violento, que como todos sabem, leva atá hoje ao feminicídio. Ou podia ser discreto. Mostrando uma braveza contida. Ameaçadora. Que carregava, muitas vezes, na sua sutileza, uma violência tão daninha como a da agressão física. Por ser dissimulada, a vítima nem sempre sabia, conscientemente, que estava sendo intimidada. Somente sentia a intimidação e começava a agir para evitar «irritar» o companheiro.
Leia mais(Português) Soube sobre a acusação de estupro que Neymar sofreu a semana passada aos poucos. À medida que ia me inteirando do assunto fui notando como as pessoas e eu mesma, víamos o caso. Interessante perceber, em primeiro lugar, qual o julgamento feito sobre o comportamento feminino e o masculino, em relação a um encontro casual, com sexo envolvido.
Leia mais(Português) Ouvindo um amigo me contar da recente situação em que foi preterido num projeto por não ser mulher, e notando sua real indignação; pensava como é difícil, mesmo para pessoas com bom nível cultural, compreender positivamente, o momento de transição que estamos atravessando. Especialmente, se esse momento, bate na sua porta, com cara de prejuízo.
Leia mais(Português) Soube sobre a tragédia ocorrida na escola de Suzano, São Paulo, enquanto estava em Barcelona. Quando estou de férias, costumo ficar com certo distanciamento das notícias. Leio pouco os feeds nas minhas redes sociais. Minha intenção é estar o mais inteira possível onde estou. Absorvendo, o máximo possível, toda a cultura e experiência do local. Faço uma viagem dentro da viagem. Foi assim que fui impactada pela notícia– seguida do massacre de Nova Zelândia. Creio que a beleza e suavidade de Barcelona ajudaram a assimilar tanta violência e sofrimento. Ajudaram a refletir sobre os fatos com um certo isolamento.
Leia mais(Português) Fala-se muito em narrativa hoje em dia. Palavra técnica, que como muitas, caiu na fala coloquial de pessoas que se interessam pelo entendimento do comportamento social. Fundamental o entendimento do que é uma narrativa, para aumentar nossa capacidade de discernimento sobre os fatos.
Leia mais(Português) Passei parte dos meus últimos dias assistindo o documentário Sexo e Amor pelo mundo da CNN. O documentário, sob o comando da jornalista Christiane Amanpour (disponível no Netflix), apresenta como são vistos e tratados o Sexo e o Amor em cidades culturalmente distante entre si. Embora ainda não vi todos os episódios, dá para ver que este documentário é uma bela oportunidade para entender o que são crenças e valores na prática, e, como, de fato, moldam nossa noção de realidade. Notar como as crenças, e os valores que elas suportam, fazem toda a diferença na visão de mundo que as pessoas têm sobre os mesmos temas. É o que faz o mundo ser plural.
Leia mais(Português) Busquei iniciar as entrevistas do Projeto Uno logo após as eleições para captar o mais próximo possível o espírito das pessoas. Saber como o ambiente tóxico das eleições tinha tocado pessoas comuns. O quanto esse ambiente tinha influenciado sua visão de mundo. Especialmente no que se refere à identidade feminina e masculina. Centro dos meus estudos. Devo confessar que esperava encontrar pessoas com alto grau de agressividade. Algumas felizes pelo resultado e a fim da dar o troco pelos anos petistas; outras tristes e raivosas torcendo para que dê tudo errado. Ledo engano. O que tenho encontrado são características fortes nos brasileiros: delicadeza e desejo de paz.
Leia mais(Português) Aprendemos desde cedo a colocar máscaras para lidar com o mundo. Nossos pais nos ensinam que não devemos expressar tudo o que pensamos e queremos dizer. De certa forma, vamos aos poucos aprendendo a calar e mentir. Comportamentos que assumimos benéficos e corretos para morar em sociedade. Com o tempo, desenvolvemos também o traquejo social que vai criando nossa persona – personalidade que usamos para nos apresentar socialmente – a qual ativamos assim que colocamos o pé fora de casa. Costumamos ter várias personas. Cada uma adequada a cada núcleo social. Todas unidas a uma persona principal para representarem o mesmo ser humano com diversas facetas.
Leia maisHá alguns dias ouvi o Ricardo Jung falar sobre o período pós eleitoral. Com sabedoria e conhecimento, ele foi trazendo racionalidade ao momento quase histérico que tomou conta do país nas últimas semanas antes das eleições. Como ele mesmo disse, fomos todos levados a um estado de irracionalidade, onde o medo se tornou latente. Tudo graças às táticas eleitoreiras que tiveram como foco polarizar a discussão. Em ambiente polarizado, argumentos racionais e propostas estruturadas costumam ter menos apelo. Ataques e defesas costumam ser melhor notados.
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