Fiquei surpresa quando H.Stern voltou a utilizar a imagem da modelo Kate Moss na suas campanhas publicitárias. Não faz muito tempo ela foi flagrada usando drogas.
Desse episódio tenho dois aprendizados que gostaria de compartilhar: o primeiro é à pratica do questionamento, do parar para pensar e não somente absorver as mensagens que nos chegam todos os dias, a toda hora.
Admiro a marca H.Stern, principalmente pelo posicionamento que conseguiu dentro e fora do Brasil. Quem trabalha com marcas sabe o quanto isto é difícil. Levei o assunto à roda de amigos que me provocaram a entrar em contato com a própria H.Stern para ouvir – e não inferir – o motivo dessa escolha. Respeitosamente esclareceram que “a escolha da modelo Kate Moss para a campanha da H.Stern foi baseada em seu histórico profissional. Lamentamos o incidente envolvendo a vida pessoal da modelo, mas reconhecemos sua busca por tratamento e a determinação com que Kate segue sua carreira”.
Considero a resposta deles bastante coerente, eficiente e educada. Passei a mensagem para todos os envolvidos na discussão e cada um tomou seu partido.
O segundo aprendizado foi trabalhar essa resposta em mim. Eu penso que uma marca forte, como H.Stern é, tem a capacidade de transmitir valores humanos que podem ser absorvidos pela sociedade com a qual interage. Fiquei pensando nos valores ligados à Kate Moss: sei que ela é considerada um ícone e referência de estilo de vestir, e até de vida, para muitas adolescente e mulheres. Ela pode, também, estar buscando tratamento e talvez seja humano por parte da H.Stern estar apostando nisso e contribuindo para que ela saia dessa situação.
Mas, dentro de mim, pegou mal. Não gostei. Fique pensando na mensagem que estaria transmitindo às crianças ao comprar jóias dessa marca: o uso de drogas pode não ser tão relevante. Ou melhor, que ser cool e moderno pode passar por usar drogas ‘de quando em quando’.
Tenho consciência o quanto o uso de drogas é mais comum do que gostaríamos. Mas justamente por isso, e pela crise moral que, em minha opinião, atravessamos, é que eu me incomodo sim, de uma marca usar uma modelo que esteve publicamente envolvida com drogas. Considero que é o momento de sermos firmes na busca pelos valores mais elevados para poder modificar o rumo da nossa sociedade. Como Ana Carolina disse no seu excelente CD com Seu Jorge, “mais honesta eu vou ficar, só pra sacanear”.
Se estiver deixando de ser moderna ou cool, talvez seja porque eu nunca tenha sido; mas com certeza, eu não quero meu filho cheirando cocaína, e não quero que ele pense que eu acho cool alguém fazê-lo.
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
1 Comment
Nany,
Parabéns pelo Blog.
Da uma olhada no site do GrupoNueva (www.gruponueva.com) e a ideia de "Empresas de sucesso por um mundo melhor", o que comeca pelo teu "eu por um mundo melhor". Somente para saber que nao estas sozinha por um mundo melhor. Nao desistas que eu nao vou.
Um abraco,
Andrés Armstrong
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