Nas minhas andanças pelo mundo corporativo apresentando o conceito da minha empresa Behavior, tenho percebido que o desejo de fazer o Bem está latente nos executivos e empresários, todos estes preocupados com maior ou menor grau por um Mundo Melhor. É ótimo saber que há uma consciência coletiva crescendo nesse aspecto. Acredito que toda mudança social comece pelo despertar gradual da consciência coletiva até o momento que passa de latente para aparecer, tomar posse e, posteriormente, simplesmente ser.
Neste momento de transição entre ‘latente’ e ‘ser’, percebo que há vários estágios: o básico é aquele profissional que deseja, mas que não põem em prática alguma ação efetiva. Para estes é inevitavelmente a desculpa da falta de tempo, de oportunidade, a estrutura empresarial que não lhes facilita porque não é quem decide ou porque, se decide, não o faz sozinho… Enfim, percebo que há uma procura, para mim utópica, do ‘momento ideal para fazer o Bem’.
Para aqueles que já decidiram pela implantação do Bem Corporativo ou trabalham numa empresa que decidiu, surge naturalmente o que estou chamando da Terceirização do Bem que é comumente associada a ações de cunho sociais. Cria-se uma diretoria ou área para cuidar e tocar o Bem dentro da organização como se fosse algo externo, um apêndice. Algumas criam institutos ou fundações, muitas delas em prédios ou ambientes separados.
Nada contra essas criações, até porque juridicamente, acredito ser uma forma real de viabilizar ações sociais, além de ser comum as empresas usarem modus operandi conhecidos para iniciar algo novo. O problema é que, quando não é bem trabalhado dentro da própria organização criam-se divisões deixando para o outro – terceirizando – fazer o Bem. Cria-se a cultura de que Ser do Bem, exige algo diferente do que simplesmente viver o Bem todo dia, a toda hora.
Sinto que é o momento de ir adiante e trazer o Bem para a organização como um todo. Conseguir que a organização pulse unissonante no desejo de contribuir por um Mundo Melhor sem perder o foco na sua prosperidade econômica, acredito, é a meta do hoje olhando para o futuro.
O Bem dentro da organização não se decide por ‘decreto’ mas planejando, estabelecendo premissas, prazos e sendo muito coerente e perseverante, chegando à teimosia, aquela teimosia de quem realiza. Para quem quiser começar, acredito que ajude iniciar com simplicidade. Aprendi isso com uma cliente: ir do mais fácil ao mais difícil. Os grandes projetos, principalmente quando ligados a aspectos mais intangíveis, costumam se perder no tempo e na forma, porque os resultados demoram a aparecer. É fundamental, novamente, a coerência e perseverança, que deve vir de cima para abaixo, para a corporação não abrir mão da mudança e começar a discutir o ‘modelo’ ou ‘matar o mensageiro’ para aliviar o desconforto de sair da zona conhecida e palpável.
Criar a cultura do Bem na corporação é mais do que criar uma diretoria, uma ação social, uma campanha, apresentações em power point, áreas de sustentabilidade na internet ou mesmo uma política justa de RH. Na realidade Ser uma empresa do Bem é tudo isso junto e mais: é optar cada dia, em cada pequena ou grande decisão, com humildade e firmeza, ser uma empresa que procura estabelecer relacionamentos duradouros com base em valores humanos mais elevados como honra, respeito, honestidade e coragem. Enfim, Relacionamentos para um Mundo Melhor.
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
1 Comment
muito bom...o apendice é real e necessario; já fiz isto e é muito possivel de ser feito; no que puder lhe ajudar me avise...quem sabe se não trabalharemos juntas ainda, né?
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