Ano novo… o que simboliza a passagem para o ano novo? Provavelmente uma renovação de esperanças para que o ano que está por iniciar seja melhor do que passou. Jogamos desejos ao vento, ao mar, à terra na expectativa que a vida se torne naquilo que nossa ilusão costuma criar: uma vida fácil, suave, como aquelas fotografias de propaganda de aposentadoria premium. Em que momento criamos essa ilusão que só nos traz frustração?
Por mais novelas mexicanas que tenha assistido na minha infância peruana, tampouco penso que a vida seja só trabalho ou sofrimento, entretanto, entendo que viver é trabalho e lazer, sofrimento e felicidade, perdas e ganhos… Estar vivo é viver cada fato e situação bem acordada e consciente. É encontrar a beleza nos bons momentos e a resignação nos piores. Acredito que quando compreendemos a vida dessa forma, saímos da ilusão que pode alegrar mas que dura pouco e passamos a viver a vida gratos pelas oportunidades que se apresentam ao longo de nosso caminho.
Desejo para todos nós um 2017 mais consciente e por isso mais feliz. 2016 não foi um ano fácil e provavelmente 2017 tampouco será. Estamos vivendo um longo período de transformações de valores. Há séculos tudo aquilo que nos regia e conduzia foi sendo questionado, e nas últimas décadas vem ruindo e desmoronando de forma tão abrupta e evidente que só um cego não consegue enxergar. Precisamos compreender de uma vez por todas isso e tornar 2017 o ano dos novos começos. Assim ao invés de fazermos resistência para manter o conhecido, nos abriremos para criar o mundo que nossos corações estão clamando. Quem faz o mundo ao nosso redor, somos nós. Os movimentos estão ai, aos montes, sem fazer ruídos nas mídias tradicionais, mas crescendo dia-a-dia. É só parar e olhar para você. Prestar atenção ao teu coração. A mudança já está em você.
Desejo que neste ano que a escassez será ainda sentida, possamos doar mais. Doar tempo, doar amor, doar atenção e doar objetos, comida. Que possamos ser gratos pelo que construímos e possuímos, doando. Oferecendo aos que não tem nada ou quase nada, aquilo que é nosso. Sem julgamento, sem pena. Mas por amor.
Desejo que este ano compreendamos que vivemos num mundo só e que estamos todos interligados. Que quando temos demais ou a mais, alguém deixou de ter. Que compreendamos que os excessos custam diretamente aos mais necessitados e à natureza; indiretamente a todos nós. Que possamos ter olhos mais econômicos, que saibamos respeitar melhor os recursos. Que possamos deixar cada vez mais de lado o eu para, o nós. Que continuemos firmes, o caminho do ter para o ser.
Desejo que possamos ouvir mais, sentir mais, respirar mais, abraçar mais, sorrir mais, orar mais, e principalmente, amar mais. O mundo está precisando mais de nós. É a época de colaborar, de se doar, de criar, de servir. Já tiramos muito do mundo, é hora de arregaçar as mangas e ajudarmos a construir o mundo que queremos deixar para nossos filhos.
Desejo que 2017 seja o ano em que a escassez valha a pena. O período de escassez, de dificuldades, é o período rico e criativo da natureza. O período em que os heróis surgem, as escolhas acontecem e o coração acorda; porque como ouvi uma vez de um padre na igreja da Medalha Milagrosa em Paris: “quando as coisas vão bem, o coração dorme”.
Desejo um 2017 com o coração despierto para você.
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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