Todos sonhamos em ser felizes – aliás é o aspiracional atual (sim, ele é recente) que permeia todos os segmentos sociais (saiba mais no post Porque queremos ser tão felizes?). Um dos principais pilares do conceito contemporâneo de ser feliz é a relação romântica-companheira. Para a maioria de nós, ser feliz passa por compartilhar nossa vida com alguém.
Assim nossa busca na relação amorosa atual é por companheiros de vida que também se tornem nossos amantes e amores. Buscamos pessoas tão iguais a nós, que tenham visões de mundo tão parecidas com as nossas, que em alguns casos considero que o que estamos buscando é um espelho de nós mesmos. O companheirismo-amor que dele nasce costuma ser fantástico para relações duradouras e banho de água fria para o desejo.
Compreendi nos meus estudos que a atração sexual que guia nosso desejo aprendido – pelo menos das gerações acima dos 30 anos – e faz do sexo uma atividade empolgante e de perder o fôlego no seu imaginário, tem na sua construção a ideia de diferença. Esta ideia traz em seus princípios a prática do poder sobre, aquele poder que existe a partir da necessidade de hierarquia para saber quem somos (leia mais no post O Poder Isonômico. O Movimento Humano pilar das mudançcas que estamos vivendo).
Toda mulher tem no seu imaginário o desejo de ser tomada por um homem poderoso – seja este poder físico, moral, intelectual, financeiro, entre outros – ou poder tomar um homem, seduzindo-o, subjugando-o. Da mesma forma, no imáginario masculino, todo homem sonha em deixar a mulher extasiada, desfalecente, fazendo-a lutar entre o prazer e a moral dos costumes.
Só que numa relação de amizade, intimidade e confiança que bons companheiros costumam ter, o exercício de poder se estabelece mais igualitariamente (o que chamamos de poder para) e com isso o exercício de subjugação se não se defaz, fica menor. Até ai maravilha para quem busca uma relação de menos poder de subjugação, mas junto com isso, percebi nos meus estudos, o tesão dimininui.
Obviamente isso não significa que o sexo não seja bom entre os casais com amor romântico-companheiro, mas aquele sexo do imaginário associado ao êxtase, que alguns conseguem vivê-lo, minhas pesquisas me apontam que dificilmente estará numa relação assim. E agora?
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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