Vamos falar de amor! Especialmente amor incondicional. Tocar o coração de quem nos prestigia com a leitura e emocionar.
“Nossa! Que fácil” , pensei eu num primeiro momento.
Agora aqui, diante do “papel em branco” fico me perguntando: por que eu achei que seria um tema fácil? Penso e tento buscar histórias emocionantes. Lembro de algumas delas, mas todas parecem menor diante de um pensamento que não sai de mim. Não temos o intuito de falar de religião, mas o homem que me vem, querendo ou não, é um santo hoje.
Me refiro a São Francisco de Assis. Sei que ele é conhecido pelo seu amor aos animais e por semear a paz. Mas recentemente eu li uma biografia chamada Francisco de Assis, o Santo Relutante, de Donald Spoto. Ali, não havia narrativa do santo e sim, do homem. Desde então, quando penso em amor, também penso em Francisco e poderia narrar diversas passagens que explicariam a minha correspondência entre ele e o amor, mas uma em especial, me toca demais.
Tentarei fazer um breve relato histórico para chegar ao fato que realmente nos interessa. Era o ano de 1219 e o mundo se encontrava perturbado e anárquico, nas palavras do autor do livro. Todos estavam envolvidos, de alguma forma, com os preparativos da quinta cruzada. Francisco decidiu que, embora toda a energia que emanava do evento fosse bélica e violenta, ele levaria a sua verdade ao oriente através da proclamação e do exemplo – não pela ameaça e força, mas pelo amor ao próximo.
Junto com ele viajou seu amigo e companheiro de irmandade Illuminatus, por ter conhecimentos rudimentares de árabe e, desta forma, na cabeça de Francisco, ele seria o intérprete das palavras que levaria à terra santa, onde ele estaria em breve.
Só para lembrar, os cristãos foram massacrados pelos muçulmanos nesta cruzada, comandados pelo jovem sultão al-Malik al Kamil, governante do Egito, da Palestina e da Síria. Apesar de preparado para a guerra, o jovem odiava o conflito e preferia o caminho da fé. Tentou, depois de inúmeras batalhas, fazer com que a paz fosse restabelecida através da redenção dos cristãos, porém os ocidentais jamais se entregaram e foi assim que Francisco se viu diante de uma carnificina sem precedentes.
Foi aí que Francisco, que tinha a mesma idade de Al-Kamil, decidiu que iria falar pessoalmente com o Sultão. Lógico que o objetivo de Francisco era falar da sua fé, completamente oposta ao do muçulmano. Era de se esperar que este fosse o fim de Francisco e que, para a Itália, voltasse apenas a sua cabeça. Mas não foi o que aconteceu. Apesar dos poucos relatos históricos existente sobre este momento, sabe-se que não houve precedentes na história das relações entre cristãos e muçulmanos que se assemelha ao encontro desses dois homens. Francisco ficou com Al-Kamil por uma semana, como seu convidado e, discutiram todas as suas diferenças em puro estado de respeito e amor. Obviamente a ída de Francisco não mudou as crenças do muçulmano e nem vice-versa, mas a lição, tão esquecida tanto naquela época, como no mundo moderno, é quanto o amor pode transformar a história da humanidade. Desde que li sobre este encontro penso no exemplo lindo de amor que estes dois homens nos deixaram.
Isso me fez Lembrar de um projeto realizado em 2011 chamado Blood Relations, onde pessoas que tiveram parentes mortos nos conflitos entre israelenses e palestinos, aceitaram doar sangue lado a lado. Chamou-se isso de uma demonstração de paz. Mas também é um ato de amor, pelo próximo e pela humanidade.
Para encerrar gostaria de contar como o livro sobre São Francisco chegou nas minhas mãos. Meu irmão mais nova veio me visitar em São Paulo e me falou sobre este livro.Disse a ele que tinha procurado nas livrarias, mas não havia encontrado. Um dia depois que ele foi embora, recebi uma encomenda. Estranhei porque não havia comprado nada e quando abri o pacote entendi tudo: meu irmão me deu o livro de presente. Chorei, e choro, quando lembro disso. Um pequeno gesto tão cheio de amor. Meu irmão é realmente muito lindo.
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