Esta semana continuaria com o Movimento Humano Solidariedade mas não podia deixar de falar sobre a abertura das Olimpíadas. Tivemos a maravilhosa abertura das Olimpíadas e nem bem ela estava começando servia de pretexto para exposições de raiva e provocações nas redes sociais. Os brasileiros deveriam saber que fazer festas é um de seus dons naturais. Quem conhece o festival de Parintins ou frequenta a Sapucaí sabe disso. Talvez falte conhecer melhor este Brasil imenso, alegre, festeiro e amoroso.
Isso não impede que a probabilidade de haver gastos além do devido seja por desvio ou por desorganização seja bem grande nessa Olimpíada. Tampouco impede que as obras não possuam a qualidade esperada e paga nem que seja discutido se deveríamos ter aceito as Olimpíadas com tantas outras prioridades sabendo que o dinheiro investido não será coberto pelos ganhos obtidos, e muito menos se tornarão benefícios para os mais pobres deste país. São aspectos distintos de um mesmo assunto. Se não misturarmos os canais poderemos nos orgulhar emocionados da nossa capacidade de encantar e brilhar e continuar com nosso olhar consciente sobre o que está acontecendo há muito tempo neste país e tornar toda discussão, às vezes visceral, as vezes madura, proveitosa para nosso futuro.
Lembrei de um aspecto bem comum na cena de um casal que os estudos da behavior apresentam: há tempos um casal discute, estão se afastando, brigam, a situação não está nada boa. De repente surge uma faísca de desejo e vontade de reviver o grande amor e um momento de sexo maravilhoso acontece. O homem, com sua dificuldade de escrutinar seu interno, acredita que está tudo certo e sai para a vida com os problemas do casal resolvidos. A mulher leva menos de 48 horas para trazer a tristeza a tona novamente e com isso seu inconformismo.
Uma grande festa não apaga nem elimina as rachaduras e infiltrações. Ela ajuda a alegrar e liberar a pressão então vamos aproveitar! E, ao dia seguinte, com alegria e cantarolando mas com firmeza e lucidez, vamos continuar cuidando das rachaduras, infiltrações e o que provoca tudo isso. É assim que vejo para onde o brasileiro está caminhando. Cada vez mais conheço gente que consegue esse equilíbrio. Claro que ainda há muitos que depois da festa se distraem, ficam inebriados e preferem esquecer os problemas e pensar que está tudo bem. Como criança que fecha os olhos e pensa que não tem mais ninguém a sua volta. Mas acreditem os nossos estudos apontam que mais e mais pessoas estão mudando de paradigma. É a mudança quase silenciosa mas consistente que apresentamos nos Movimentos Humanos. Alguns vão para a acidez e sua indignação os torna xiitas mas não está na alma do brasileiro ser xiita. Logo logo eles voltam para o estado de amor e alegria, estado que cura tudo e abre todas as possibilidades e que é o estado natural deste povo lindo brasileiro.
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
0 Comments
Leave A Comment