Continuaremos a falar sobre os homens nesta semana, tema que, nós mulheres, adoramos discutir e tentar entender. Como vimos na semana passada, até onde conseguimos compreender nos projetos que conduzimos, os homens não querem a independência mas a liberdade de viver seus momentos que lhe permita alimentar sua alma: um chopinho com os amigos, jogar uma pelada, dormir sábado a tarde – toda a tarde! – entreter-se com games, viajar de moto para sempre voltar, sempre. Como me disse um dos entrevistados do Projeto Homens, “eu sou feliz, livre, na minha gaiola”.
A mulher se irrita profundamente com esse comportamento masculino. Muita desta irritação tem a ver com a sensação de exclusão do universo dele – como assim ele quer ser feliz sem mim? – apoiada na crença romântica que o casal só pode viver a dois o tempo inteiro. Mas outras vezes, a irritação vem do julgamento de irresponsabilidade que a mulher dá a este tipo de atividades: como assim, você vai se divertir se temos tantas coisas a fazer?
Pois é exatamente aqui que a relação azeda. A mulher possui, no meu entendimento, uma habilidade quase genial de realizar diversas coisas ao mesmo tempo – e neste momento não importa as origens desta habilidade. Com isso ela parece ter a necessidade de arrumar o mundo, e, à medida que vai deixando o mundo como ela acha que deve ser, retroalimenta a percepção que só ela é capaz de deixar o mundo perfeito. É quase uma antena ligada ininterrupta que a deixa tensa, vigiante, quase um fiscal. Estudei toda minha infância e juventude num colégio feminino de freiras, a congregação era francesa; creio que por isso carrego comigo a imagem da madresuperiora: severa, vigiante quase um policial. É assim que muitas vezes encontro as mulheres, quando as entrevisto.
Se nesse contexto o homem decide, no meio de uma grande mudança, parar tudo para tomar um chopinho… já dá para imaginar que a Terceira Guerra Mundial está prestes a começar. Sinceramente, penso, que ela não começou ainda porque o homem, acostumou a calar e deixar para lá.
Pois é… mas é por essa atitude de parar tudo para se dar prazer, e que no fundo transmite leveza, que o homem tem ganhado terreno. Uma característica que aos poucos vai ganhando força e reconhecimento. A mulher tem muito a aprender com esse tempo para si e com essa atitude sempre menino que o homem tem e que nós, na behavior, consideramos dois movimentos humanos importantes que estão integrando o casal.
É claro, homens, que essa atitude não podem disfarçar, como em muitos casos, irresponsabilidade e se tornar uma fuga para não enfrentar os desafios da vida e amadurecer. Mas esse é tema de outra semana.
Vamos refletir sobre isso esta semana?
Boa semana para todos.
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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