Trabalhando em agências de publicidade descobri a importância de se pensar diferente. Afinal de contas, o negócio da publicidade é feito de uma matéria-prima chamada criatividade. E dificilmente você será criativo se não olhar para o que todos estão vendo e pensar de uma forma diferente.
Por isso, na maioria das vezes, esta matéria-prima é tão valorizada, pois certamente não é fácil pensar “fora da caixa” a maior parte do tempo, especialmente num mundo cada vez mais prático e que muda numa velocidade galopante. Não é à toa que as escolas de criatividade se multiplicam mundo afora e levam cada vez mais pessoas, principalmente jovens, a procurar por elas com sede de ferramentas que o façam mais inovadores e criativos. Não sou contra e adoro a ideia. Mas nem sempre é necessário ir tão longe em busca de inspiração.
O que acontece é que cada vez menos queremos sair do lugar comum,nos abrir a caminhos diferentes, experimentar coisas novas. Me vem a cabeça os nossos vizinhos argentinos. Meus amigos publicitários brasileiros não vão gostar, mas atualmente eu considero a publicidade argentina muito mais criativa do que a nossa. Acredito que isso tenha acontecido por diversos motivos e, a maioria deles, porque o Brasil se tornou um mercado super importante para a maioria das marcas internacionais, portanto, não há mais espaço para errar, ousar, experimentar, arriscar. Uma pena, pois somos por essência mais criativos, na minha opinião.
Estou falando de publicidade, mas poderia estar falando de qualquer outra coisa. Recentemente estive numa empresa de telemarketing e o diretor me contou que eles haviam acabado de comprar uma concorrente aqui na América do Sul, para avançar pelo mercado latino. A empresa comprada acabou se tornando, em muito pouco tempo, uma referência de boas práticas para a matriz brasileira, que é hoje um imenso elefante branco. Perguntei o que fazia deles um exemplo e uma referência. A resposta foi: eles fazem diferente, eles pensam num caminho alternativo o tempo todo, eles não se contentam com a acomodação. E terminou me dizendo: é como se eu não repetisse nunca o caminho da minha casa até a empresa.
Agora chegamos a um ponto bem delicado: todo mundo odeia rotina, mas invariavelmente caímos nela. Na maioria das tarefas que desempenhamos podemos chamar de praticidade e precisamos dela para viver. Mas por que você precisa fazer todo dia, tudo sempre igual?
Teve uma época que fiquei obcecada por esta pergunta e me propus o seguinte desafio: todos os dias vou fazer algo de uma forma diferente do que estou acostumada. O que aprendi ou ganhei com isso? Conheci muita coisa nova, tive experiências boas e ruins e ampliei minha visão de mundo. Eu gostei do resultado. Pensando bem….deveria voltar a fazer isso com mais frequência.
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