Ontem andei a cavalo pela dunas de Paracuru, no Ceará. Fazia mais de uma década que não montava num cavalo. Decidimos fazer o passeio para assistir, tal qual um filme, ao pôr do sol. Além das cenas deslumbrantes que minha memória hoje carregam – os diversos tons de laranja no céu, as dunas ora brancas amareladas, ora avermelhadas, a surpreendente cena de um grupo de meninos jogando bola num pequeno campo de areia batida no meio das dunas – o passeio de quase três horas me deixou um corpo doído muito gerado pela tensão do medo de cair, e a clara compreensão de que meu lado intrépido está se esvaecendo. 
“Perdi a coragem” disse para meu marido, “antes estaria galopando por estas dunas mesmo sem tanta prática”. “Não é coragem”, ele me alertou, “é a velhice chegando”. Fora a graça dessa obviedade, a frase dele concluiu o que Ouro, meu companheiro de quatro patas neste passeio me ensinou, não importa se é no galope, no trote ou simplesmente no passo; 2014 é o ano para seguir em frente reconstruindo nossa vida de peito aberto, cabeça erguida, com doçura. Sim, com doçura porque a coragem não exige dureza. A coragem exige firmeza. Mas como todos já sabem, a firmeza rígida facilita a ruptura, a firmeza flexível, facilita a adaptabilidade.
 
2014 é o ano do Cavalo no horóscopo chinês e, após um ano regido pela serpente, será um ano de reconstrução. De avançar. De criar e realizar aquilo que já está dentro de nós. Sem lamúrias, sem queixas, deixando o passado para atrás, reverenciando-o como um grande mestre que nos trouxe até aqui. 
 
É o ano da justiça. Da justiça do coração. Daquilo que é certo no nosso Sentir. Por isso, é o ano para se conectar, mais do que nunca, com o Sentir. Para deixar de lado nossas ilusões sobre nós mesmos e nosso destino. Para pôr em ação o melhor de nós. Aquilo que realmente somos. Para tomar decisões seguindo o que nossa alma pede. Não a ilusão da mente que nos pede aquilo que não podemos, só para criar um ambiente de insatisfação.
 
É o ano de nosso reencontro com nós mesmos. Depois de tudo descamado, exposto pela serpente, o que sobra somos nós. Vamos nos aceitar? O você quer continuar na ilusão que te trouxe a dor?
 
É o ano que o dinheiro não irá reger nossa decisões, mas o desejo de andar, de conhecer, de encontrar, de descobrir. Eu diria, de nos redescobrir. Volta para aquelas coisas simples que te deixam feliz. Traz para tua memória a simplicidade que a felicidade tem no seu âmago.
 
Se reconhecer, se aceitar e recomeçar tua jornada com doçura e coragem é o que mais desejamos para você neste novo ano. 
 
Agradecemos a todos que tem nos acompanhado neste exercício que tem sido nosso blog. Agradecemos as trocas, as mensagens, os comentários. Sem dúvida cada um de vocês têm nos ajudado a nos manter conectados com nossa essência, nosso Sentir.

Em tempo: a serpente abre passagem para o cavalo somente em 31 de janeiro, segundo o calendário chinês. Por isso, temos um mês para descamar aquilo que não serve mais. 

 
Corajoso 2014 para todos nós!