Primeiro post do ano e meu tema escolhido era uma análise sobre porque uma pessoa como Donald Trump assumia uma das mais importantes nações do mundo e o que isso podia significar, mas… me perdoem, após assistir o filme La La Land meu coração me levou para outros temas que considero tão relevantes quanto essa análise para um início de ano: amor, sonhos e coragem.
Impossível sair do cinema sem o coração mexido após assistir o filme. O filme é poético, romântico e ao mesmo tempo real o que o torna uma resposta necessária para a vida atual; não é toa que esteja causando tanto sucesso mundo afora. Apresenta-se fantasioso mas duvido que tenha alguém na platéia com mais de 40 anos que não saia refletindo sobre suas escolhas e os amores que viveu ou deixou de viver (e falo em 40 porque costuma ser um marco em que tomamos consciência sobre o que deixamos para atrás e o que queremos para o futuro com uma certa sensação de que o tempo está ficando cada vez mais curto).
Alguns podem dizer que o filme trata de sonhos profissionais, outros de amor (LA?), e eu penso que o filme trata da vida e da coragem em vivê-la. Precisa de coragem para amar e correr atrás de seus sonhos, fatos que nem sempre estão condicionados a continuar juntos. Tanto o amor como os sonhos são promessas com poucas garantias mas são capazes – talvez os únicos verdadeiramente capazes – de nos levar para onde nossa alma anseia. Agora seguir o que nossa alma anseia exige de coragem, de muita coragem. O que é garantido costuma nos trazer chão e segurança, podemos viver mais tranquilos mas bem pouco provável conheceremos o paraíso. Eu sempre me pergunto se essa tranquilidade é pacificada, ou se há no fundo do coração, um arrependimento sufocado, uma resignação que entristece a alma.
Sei que viver sem chão é para poucos, e também creio que é saudável que não seja por muito tempo, que haja um equilíbrio para não correr o risco de virar suicídio. Mas deixar de viver o que nossa alma anseia torna tudo menor, tacanho. Sinto importante fazer aqui uma distinção entre o que considero anseio da alma e desejos do ego, cuja diferença associo a sonho versus ilusão. Ilusão como a mesma palavra descreve é algo irreal movido pela vaidade e a desconexão com nossa alma, nosso sentir. O sonho – e a fantasia é um de seus recursos – tem a ver com a expressão da nossa potencialidade a partir daquilo que está presente em nós. Sei que é difícil fazer essa distinção sem uma boa dose de autoconhecimento e humildade.
Muitas vezes temos que fazer escolhas de caminhos que queremos muito, que alimentam nossa alma, mas que não podem continuar juntos. Quando fazemos as escolhas conscientes e conectados com a nossa alma não há arrependimentos. Pode haver pequenas doses de tristeza, uma certa saudades e fantasia sobre o caminho que abrimos mão. Mas quando ouvimos nosso sentir e temos a coragem de segui-lo entendemos que a escolha foi a melhor feita naquele momento e conseguimos seguir em frente pacificados. Olhar depois de um bom tempo para um grande amor ou para um sonho que deixamos partir, com essa convicção no coração, sabendo que a escolha não foi falta de coragem, mas profunda conexão com a nossa alma, nos amadurece e fortalece para continuar atrás de nossos sonhos, explorando toda nossa potencialidade.
Sinceramente? espero que neste novo ano, de novos inícios, no qual deveremos continuar questionando valores, crenças, atitudes e comportamentos e ao mesmo tempo agindo na busca de caminhos e alternativas para unir sonhos e realidade, desejo que tenhamos a coragem de seguir cada vez mais os anseios da nossa alma sem atos precipitados nem heroicos. Que consigamos respeitar, cada vez mais, aquilo que nosso coração está pedindo. De minha parte, continuarei junto com vocês semanalmente, contribuindo com a reflexão sobre valores e crenças nesta animada dança que são os Movimentos Humanos. Maravilhoso 2017 para todos nós!
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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