Sempre tratamos sobre o Movimento Humano Solidariedade no blog e sobre a troca que contradiz a famosa frase menos é mais: o conceito de menos é menos, mesmo tem como base a mudança de eixo da importância do Eu (quer saber mais, leia o post da semana passada clicando aqui).
Quando o eixo se modifica e começamos a incluir os outros, o que chamamos de estágio do Nós, passamos a pensar não somente em nosso prazer e felicidade mas também no dos outros. Isso vai além da família, que costuma manter o Eu como eixo, posto que a felicidade da família inclui o conceito da felicidade do Eu; no Nós o espectro é maior e pode incluir à comunidade em que se está inserido – pode ser a organização na qual se trabalha, o bairro, a cidade, a igreja, o grupo social e/ou cultural ao qual pertence, enfim, sai da esfera do Eu (ambiente mais privado) e passa para o Nós (ambiente mais público).
Obviamente o prazer do Eu se mantém, mas como dissemos muitas vezes, nas escolhas que fazemos “o resultado é menos agradável ou prazeroso e quase sempre mais trabalhoso“. Por que, então, fazemos essa troca? Gosto da linha de raciocínio do Richard Barrett que usou a Pirâmide de Hierarquia de Necessidades do Abraham Maslow para estudar valores na cultura, primeiro organizacional e depois também de social, e criou uma metodologia que ajuda a entender quais valores nos guiam na atualidade e quais desejamos para o futuro.
Tanto na Behavior como na NBHeart, a nossa empresa de Desenvolvimento Humano, usamos a metodologia desenvolvida por Barrett em diversos estudos. Nela compreendemos que se estamos nos três primeiros níveis o Eu reina. Quando vamos para o quinto e sexto nível, o Nós está conduzindo nossos valores. O sétimo nível ainda é para poucos: neste nível quem reina são os Outros, por consequente é onde melhor se localizam aqueles que já estão atuando no seu propósito de vida. Barrett chamou este nível de Servir. Se você achou o sétimo nível uma utopia ingênua, é quase certo que você esteja entre os três primeiros níveis da pirâmide. Para quem está no Eu como eixo, o Servir está tão longe que nem parece realidade. Para quem está no Nós, muitas vezes os Outros é o passo natural, e ele acontece sem sofrimentos nem sacrifícios. Tudo, como sempre, é uma questão de perspectiva e de onde se está.
Criamos o Movimento Humano Solidariedade quando percebemos nos nossos estudos que pessoas de diversos extratos sociais e culturais por motivos distintos, porém, quase sempre após algum momento crítico que os levou para uma transformação de valores (quarto nível da escala Barrett) estão transitando do Eu para o Nós. Sem dúvida isso irá, paulatinamente, mudar o eixo de valores da sociedade. E mudando os valores, mudam-se as crenças, as necessidades, as atitudes e, por último, os comportamentos que atingirão diretamente os relacionamentos e formas de vida. De forma silenciosa, mas consistente.
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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