Um dos pontos calorosos nas muitas conversas que fazemos, vida afora, sobre os Projetos que compõem os Movimentos Humanos fala sobre como as mulheres criam seus filhos homens. A reflexão é sempre enriquecedora.







Partimos de uma valiosa constatação : as mulheres acham a maioria dos homens fracos, despreparados, sem vigor para correr atrás do que querem. Podemos dizer que a grande maioria acha os homens, digamos, uns bananas. É muito interessante ver as discussões calorosas que se seguem a respeito do assunto. Na sequência é colocada uma reflexão profunda também levantada pelo Projeto: “quem cria os homens bananas são suas mães, ou seja, mulheres.” A calorosa discussão anterior, em segundos, se transforma num momento de introspecção onde as mulheres primeiro se surpreendem, depois assimilam e, enfim, se dão conta das suas próprias responsabilidades sobre o assunto.É um momento muito bonito. Onde todas são obrigadas, conscientes ou não, a lidar com algo que realmente incomoda.  Minutos depois, elas já assimilaram a questão e recomeçam a discutir o tema, contando histórias que afirmam este ponto. Muitas contam como a mãe a criou com firmeza para vencer, conquistar, correr atrás, enquanto o filho homem foi mais protegido e embalado pela mesma mãe. Interessante, não?

Esta semana conheci uma história lindíssima que fala sobre isso. Trata-se de um ritual do povo Dakota (nativos americanos que ficaram conhecidos após o filme Dança com os Lobos). Chama-se a “busca da visão”. Neste povo os meninos são introduzidos na vida adulta aos 14 anos quando devem ir ao topo de uma montanha e passam dias sem comer. A fome intensa provoca visões que trazem mensagens do mundo dos espíritos e vão orientar a vida de cada uma daquelas crianças. Além das alucinações por forme, os meninos enfrentam o medo, pois eles ouvem leões urrando e se movimentando na escuridão. De volta à tribo o feito dos garotos é comemorado. Porém, a partir daquele dia, durante dois anos, eles não podem falar com suas mães. É um exercício muito difícil porque os filhos são muito apegados a elas. Mas, para esse povo, se o menino entrar em contato com a mãe logo após passar pelo ritual da vida adulta, sentirá uma forte atração pela infância e cairá no mundo das mulheres, não crescendo nunca mais. Dois anos depois, uma nova cerimônia reúnem mães e filhos. Agora eles já são considerados homens e a recompensa de suas mães, por este grandioso desprendimento, é a certeza de que seus filhos se tornaram adultos respeitadores, fortes e confiáveis.
Lindo, não? Muito valioso uma mãe entender a hora certa de deixar seu filho crescer, envolvido em valores e verdades que o levem a um caminho enriquecedor.

Por isso, mamães de meninos, lembrem-se das mães do povo Dakota e, na hora certa, pratiquem o desprendimento. E não se preocupe: eles não precisam passar fome ou medo. É só soltá-los um pouquinho, deixar que façam suas próprias escolhas e não os deixem acomodados.