Uma das coisas que mais me surpreendem nos estudos que realizamos é perceber quanto as pessoas não notam a relevância das crenças paternas e maternas na sua vida e o quanto o exemplo de ambos, os guia.
Entrevisto um número consistente de pessoas ao longo do ano graças aos estudos da behavior. Pessoas comuns ou excepcionais, tanto faz, na hora de falar de si há sempre um grau considerável de ilusão. Engraçado como contam de seus pais e depois da vida deles e acham que estão falando de vidas muito distintas; porém para mim, na maioria dos casos, essas vidas são a releitura moderna da mesma história.
As múltiplas formas de autoconhecimento ajudam a perceber o quanto as crenças familiares e figuras paternas dirigem a nossa vida. Com essa consciência é possível escolher o que iremos incorporar e o que iremos abandonar. Conclui que os mais iludidos são aqueles que acham que se conhecem bastante e não precisam de ajuda. As pessoas que melhor se conhecem, e consequentemente estão mais harmonizadas com elas próprias (leia os posts da semana passada), deixam constantemente a dúvida estabelecida. Sabem que qual uma cebola, a cada descoberta uma camada é retirada mas logo em seguida aparecerá outra.
Vamos iniciar a semana discutindo um pouco a herança vinda da mãe e do pai. Já discutimos aqui que somos produtos de nossos valores que geraram crenças que conduzem nossas atitudes e atos. Esses valores são transmitido dia a dia, segundo a segundo pelos nossos pais. Incluo aqui aqueles que optaram por abandoar seus filhos. Independente do motivo, estes deixam marcas tão profundas que vejo homens e mulheres tentando superar esse sentimento de abandono por uma vida inteira.
A visão de mundo que possuímos devemos aos nossos pais ou as figuras que os representam nas nossas vidas. Seguimos essa visão e avaliação do mundo quase que rigorosamente. Alguns de tão apavorados de ser iguais aos seus pais, correm para ser o oposto. Todos tentamos ser o espelho ou negar o espelho. Nossos pais são nossa principal referência.
Pense agora no seus pais. Liste virtudes e defeitos de cada um. Analise as opções que fizeram na vida em relação a família, casamento, filhos, profissão, trabalho, desenvolvimento, crença religiosa… e me diga: o quão próximo ou distante você está?
Se for corajoso pergunte a três pessoas que o conhecem bem e compare as respostas.
Pense: que tipo de companheiro/ companheira você escolheu? sabe me dizer porque? Lembre, nossas escolhas amorosas refletem muito do que pensamos de nós. Que tipo de trabalho realiza hoje? como lida com as finanças? como lida com a família? com lida com seu lazer?
Quanto mais observamos com lucidez nossos pais, mais poderemos aprender de nós. Poderemos trazer de volta coisas lindas deles que abandonamos pelo caminho só para ser do contra e deixar para atrás crenças que só nos fazem repetir a sina da infelicidade que eles por ventura, carregam.
Para sermos livres e felizes precisamos fazer o exercício do espelho com a história de vida de nossos pais e assim escolher o nosso próprio destino.
Deixo vocês com a foto de minhã mãe, que especialmente nos últimos 2 anos veio perto de mim para eu não fugir do meu espelho.
Boa semana para todos.
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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