Os EUA acabaram de divulgar o resultado da sua economia com um crescimento de 4,1% no 2° semestre. Maior crescimento desde 2014. Nada surpreendente se lembrarmos que o poder antigo, o poder sobre, faz a roda girar há muito, muito tempo. Ele criou praticamente todos os mecanismos que hoje regem os negócios. Lógico entender que ao voltar ao poder saberá fazer os ajustes necessários para que as coisas voltem ao status quo inicial. Status que traz prosperidade sim, embora isso não signifique distribuição de renda.

A força do poder sobre não pensa na equidade, no conjunto nem no outro lado. É um poder que não admite a diversidade. O plural. Ou seja, ele não é um poder para, como eu chamo nos meus estudos. Porque o poder sobre é embasado nos princípios da subjugação (hierarquia) e diferenciação. Normalmente, quem quer esse tipo de poder de volta, acredita que oferecendo um emprego relativamente justo que leve comida e permita comprar coisas para se sentirem felizes e até poderosos, como eles – que aliás costumam servir de modelos – estão bem servidos.

Ao decidirmos, como sociedade, questionar e enfrentar esse padrão de poder, quebramos os mecanismos desse sistema. A crise se instalou. Há um tempo entre o velho ruir e o novo ser construído. Tempo que o tempo está mostrando que não gostamos de esperar. Nos angustia viver na instabilidade de forma prolongada. O medo se instala. Começamos a ansiar o imediatismo da certeza do conhecido. Mesmo que isso represente trazer de volta o modelo que tanto queríamos que mudasse.

Assim começa a se criar uma onda entre aqueles que querem de volta o seu mundo controlado, conhecido e, porque não, limitado de antigamente. Quanto mais a instabilidade continua, mas essa onda vai trazendo consigo mais e mais pessoas. Levei um longo tempo para entender, que nós humanos, somos assim. Falamos e sonhamos muito com a liberdade, mas na prática, a grande maioria quer mesmo o conhecido. Não suportamos a liberdade que envolve na sua essência, o desconhecido.

São em momentos como este que o poder sobre costuma voltar com tudo. Descaradamente. Seus defensores começam a se mostrar ostensivamente. Alguns chegam com apelos moralistas. Clamando que o passado era melhor do que o presente e prognosticando um futuro pior. Que acreditam que sua verdade tem que ser imposta porque provavelmente pensam que sabem mais e melhor. Costumam ser pessoas que hipervalorizam a desordem existente como um caos negativo, sendo que todos sabemos que o caos é passagem necessária para toda transformação. Outro grupo, só para me focar em dois neste texto, vai direto ao ponto: valoriza o dinheiro porque ele é poder. E para eles, esse tipo de poder é sinônimo de felicidade e orgulho. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, me parece, faz parte deste último grupo.

É nesse ponto que nos encontramos. O maravilhoso deste momento da nossa transição é que a realidade que estamos criando a partir dos valores que estamos escolhendo, está se tornando bem evidente. Tudo está ficando à luz. Assim, minha reflexão passa por um questionamento para você meu leitor, minha leitora: sem menosprezar seu momento atual, do que você já passou ou está passando; todos sabemos que está chegando a hora de dizer e principalmente mostrar, qual é a nossa ética na prática. Creio que estão claros os valores que o Trump, por exemplo, passa e sua visão de mundo. Está claro que sua visão de mundo está aquecendo a economia americana. Então a pergunta é direta: qual é a sua ética nessa situação? O que você escolheria caso você fosse americano? Estamos perto duma eleição no Brasil… acredito que vale a pena refletir sobre isso.