Estamos cansados de ouvir que somos uma sociedade consumista e individualista. Criamos com uma absurda facilidade necessidades imprescindíveis que não tinhamos 2 meses atrás. O ter nos dá valor. Nos faz sentir que vale a pena tudo o que batalhamos nesta vida dura, enquanto sonhamos por uma vida mais leve e livre.
A menos que você tenha nascido num berço de ouro tenho a obrigação de te dizer que liberdade costuma não combinar com consumo. Alguém vai pagar a conta. Se não é você, talvez seja alguém perto de você, nesse caso, que a sorte continue te acompanhando. Mas para a maioria dos simples mortais como eu é preciso trabalhar para consumir. E ai que a balança pende sempre para o lado do trabalho.
Quanto mais trabalhamos e ganhamos, mais gastamos. Simples assim. Por que? Porque precisa valer a pena tanto trabalho, lembra?
Para quem é pai a equação quintuplica. São tantas coisas imprescindíveis para o filho, para sua formação, para seu crescimento, para seu desenvolvimento intelectual, físico, emocional, para ele ser feliz… que tenho dó dos pais. Em algum momento vamos espanar. Tenho certeza. Ou melhor, tenho esperança.
Criamos a crença que o dinheiro dá liberdade. Em minha opinião dá mais conforto, segurança, oferece experiências mais sofisticadas e refinadas mas liberdade nem sempre. Para entender meu ponto de vista preciso deixar claro que um dos aspectos do chamo de liberdade é a capacidade que temos de ser e nos mover sem tantas necessidades. Quantas mais necessidades mais condições colocamos para ser, realizar e viver algo. Quanto mais colocamos condições mais difícil o acesso, mais esforço requer… mais presos podemos ficar.
Nany Bilate é pensadora intuitiva e pesquisadora. Seus estudos e textos são focados na transição de valores e crenças da nossa sociedade. E sua interferência nas identidades feminina e masculina contemporâneas.
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