Um estudo que mostra que a mulher escolheu recuar do papel de todo poderosa.

O Projeto Mulheres nasceu em 2010 com o interesse de compreender como a mulher brasileira estava se sentindo em relação a sua condição feminina num momento em que parecia ser o auge dela. Elogiada e exaltada pela mídia pela sua capacidade realizadora, independência e poder obtido a custas de muito esforço, tínhamos a intuição que havia alguns ruídos entre essa mulher projetada no ambiente público e aquela que observávamos no nosso trabalho.

Como pano de fundo, sabemos que nas últimas décadas vivemos mudanças profundas que questionaram valores e que mexeram com os alicerces das nossas crenças, estruturas morais, sociais, culturais e individuais. Querendo ou não, no processo de libertação do velho, que nos leva para novas oportunidades, nos angustiamos pela incerteza do novo. Ao nos libertarmos, tínhamos a intuição que algo, realmente novo, estava se instalando na sociedade.

Em parceria com Eliete Gomes, coach e consultora em desenvolvimento humano, ouvimos mulheres ao longo de um ano de estudos conseguindo compreender o que a mulher brasileira estava sentindo, e quais eram os caminhos da nova identidade feminina brasileira.

A conclusão nos mostrou que nossa intuição não estava errada. Apesar da postura autosuficiente inicial nas entrevistas, a grande maioria de nossas entrevistadas, declarava que o que queriam mesmo era viver a tão sonhada relação amorosa, que na contemporaneidade, tinha fortes tons de companheirismo e sensualidade. Ainda, declaravam que por um amor assim, recuavam de sua subida vitoriosa ao poder, dizendo isto com o temor de estar traindo a classe feminina, de tanta pressão social pela independência e pelo poder existente na época.

Mas para isso acontecer de forma harmoniosa, a mulher precisava contar com a outra parte da relação: o homem amor-companheiro. Algo que parecia ser difícil de encontrar. Da frustração, vinha o ataque e o aumento da autopromoção. O resultado: mais solidão. E o ciclo parecia não ter fim, porém nossa intuição não nos enganou e descobrimos como algumas mulheres estavam iniciando novas trilhas, novos caminhos e construindo uma nova indentidade feminina.